Mariana Kotscho
Busca
» AUTISMO

Autista adolescente precisa de atenção!

A importância de uma atenção especial ao autista também na fase da adolescência

Thainara Morales* Publicado em 21/04/2023, às 06h00

O diagnóstico precoce do autismo é importante para uma boa qualidade de vida
O diagnóstico precoce do autismo é importante para uma boa qualidade de vida

Com avaliações cada vez mais apuradas, estamos vendo um aumento significativo do número de diagnósticos de Transtorno de Espectro Autista tanto em crianças como em adolescentes e adultos. Para oferecer o melhor tratamento para todos, é preciso muito estudo, dedicação e estar “antenada” no que existe de mais moderno neste sentido.

Atualmente, temos inúmeros estudos e clínicas voltadas para o tratamento de crianças autistas, com atendimentos que podem começar desde muito pequenos já com protocolos de análise do comportamento (ABA). E quando essa criança se torna adolescente? O que acontece? E para os adolescentes que estão sendo diagnosticados somente agora, existe alguma terapia?

A transição da infância para a adolescência é uma fase complicada tanto para pessoas típicas como para os autistas. Os hormônios mudam perspectivas e os interesses são outros. Assim como as terapias devem ser. Na infância, o trabalho é focado no desenvolvimento pessoal e inclusão na escola. Já na adolescência, é preciso acrescentar a inclusão no mercado de trabalho e o foco na independência como cidadão do mundo.

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é usada no tratamento de adolescentes autistas, mas com o intuito de preservar cada vez mais suas individualidades e interesses. É preciso ensinar e dar liberdade. Terapias em grupo, incluindo atividades e cursos voltados exclusivamente para este público, se mostram importantes ferramentas.

Veja também 

Infelizmente, no Brasil, ainda existem poucas clínicas com casas simuladas, nas quais os adolescentes podem aprender mais sobre tarefas diárias como, por exemplo, cozinhar. Nessas mesmas casas também são oferecidos cursos, aulas compartilhadas e esportes.

Fui uma das pioneiras na região do ABC a oferecer esse tratamento. Com três meses de funcionamento, percebi um aumento do interesse de meus pacientes adolescentes. Eles se tornaram mais participativos e cada vez menos infantilizados - um passo importante para a independência.

Ainda existe muita resistência sobre uma casa simulada, principalmente pelos convênios que teimam em esquecer o adolescente como cidadão fundamental em nossa sociedade.

Estamos dando os primeiros passos para que a inclusão de todos seja realmente feita, com auxilio, amor e segurança.

*Thainara Morales, pedagoga, pós-graduada em psicopedagogia clínica e institucional, pós-graduada em análise do comportamento aplicada, com MBA em gestão de pessoas, liderança e psicologia positiva, mestre em neurociências, doutoranda em neurociências e proprietária da Clínica Arte Psico.