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Álcool e amamentação: tudo o que as mamães precisam saber

Confira as respostas para as 8 dúvidas mais comuns sobre álcool e amamentação

Conceição Aparecida de Mattos Segre* Publicado em 01/09/2022, às 08h52 - Atualizado às 17h21

Mitos e verdades sobre a amamentação e o consumo de álcool
Mitos e verdades sobre a amamentação e o consumo de álcool

Acabamos de passar pelo Agosto Dourado, mês dedicado à intensificação das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, e muitas mamães têm dúvidas sobre o consumo de bebidas alcoólicas durante o período de lactação. Para desmistificar o assunto, confira as respostas para as principais perguntas sobre esse tema:

  1. O leite materno pode conter o álcool ingerido pela mãe?

Sim. O álcool consumido por uma lactante é transferido para o leite materno em 30 a 60 minutos após a ingestão materna.

  1. Quais as ações do álcool sobre a amamentação?

O álcool não aumenta a produção do leite materno. Ao contrário, pode reduzi-lo, mesmo que ligeiramente, isto porque o álcool inibe o hormônio chamado “prolactina”, que é responsável pela produção do leite, encurtando, portanto, a duração da amamentação Além disso, ele também pode alterar o cheiro e o sabor do leite e, por causa disso, ser recusado pela criança promovendo, portanto, um impacto negativo não apenas para a lactação, mas também sobre o desenvolvimento da criança.

  1. É verdade que a cerveja preta auxilia as mães/gestantes na lactação?

Não. Essa informação é um mito e circula até os dias de hoje por “tradição” e por ser veiculada em meios leigos sem se preocuparem com as evidências científicas a respeito. Na verdade, enfatizamos que o álcool não estimula o aleitamento, mas antes pelo contrário, o inibe. Portanto, a mãe que está amamentando não deve ingerir bebidas alcoólicas de nenhum tipo.

  1. Quais os efeitos do álcool sobre o recém-nascido amamentado por uma puérpera que ingere bebidas alcoólicas?

São vários. O recém-nascido pode apresentar sonolência, sudorese, sono profundo, fraqueza e, como consequência, ganho anormal de peso e diminuição do crescimento linear. Além do que, como seu cérebro continua em desenvolvimento, o álcool pode atingir seu sistema nervoso provocando lesões irreversíveis.

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  1. A mãe que amamenta está proibida de ingerir bebidas alcoólicas?

Não, mas a ingestão de bebida alcoólica pela mãe que amamenta depende da quantidade e dos intervalos. Efetivamente não é recomendada a ingestão de bebidas alcoólicas pela mãe que amamenta, mas se não for possível evitar, alguns cuidados são mandatórios.  Poderá beber, eventualmente, mas sempre com moderação e observando alguns requisitos como por exemplo, a ingestão de bebidas fermentadas (vinho, espumantes ou cervejas) é preferível em relação às bebidas destiladas, como cachaça, tequila, vodka e whisky.  Uma recomendação importante é de que a mãe aguarde, no mínimo, duas horas após a ingestão de álcool para oferecer o peito novamente ao bebê.

  1. Esse período de duas horas recomendado é sempre seguro?

É preciso lembrar que o recém-nascido alimentado em sistema de livre demanda pode ter um ritmo de alimentação bastante irregular, então é preciso ficar atenta a esse fato pois pode ser que o bebê tenha fome antes daquele período/intervalo de duas horas recomendado. Vale lembrar também que o fígado do bebê ainda está imaturo e pode não ser capaz de lidar com a sobrecarga provocada pela metabolização do álcool.

  1. A ingestão de bebidas alcoólicas pela mãe que amamenta pode ter outras consequências?

A Academia Americana de Pediatria alerta que a exposição ao álcool pode prejudicar o julgamento materno e interferir nos cuidados da criança, que vai além do risco de toxicidade para o lactente amamentado.

  1. Qual seria então uma recomendação geral?

Embora o consumo de álcool durante o período de lactação não seja proibido, deve ser fortemente desaconselhado e, se em último caso for utilizado, o consumo deve ser esporádico, em doses baixas e a ingestão de bebidas fermentadas deve ser preferida à de destilados.

autora
Conceição Aparecida de Mattos Segre

* Conceição Aparecida de Mattos Segre é Livre Docente em Pediatria Neonatal e membro do Núcleo de Estudos dos Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-nascido (SAF) da Sociedade de Pediatria de São Paulo.