Advogada e Psicóloga comentam essa nova forma de violência
Redação Publicado em 24/04/2025, às 06h00
O isolamento de idosos vem ganhando atenção como uma forma silenciosa e crescente de violência dentro das famílias. O fenômeno ocorre quando o idoso é afastado do convívio com filhos, netos ou outros familiares próximos por meio de manipulações ou restrições impostas, geralmente por um ‘cuidador’ ou parente direto.
De acordo com a advogada Dra. Nivea Ferreira, a prática pode ser sutil ou explícita, e, muitas vezes, está associada ao controle emocional, patrimonial ou social do idoso. “Trata-se de uma tentativa de isolar o idoso para concentrar decisões e bens nas mãos de uma única pessoa, o que pode configurar violência psicológica e financeira”, afirma.
Ela destaca que o enfrentamento começa com a coleta de provas: mensagens, vídeos, documentos médicos, testemunhos e que, até mesmo, declarações do próprio idoso, se lúcido, podem ser fundamentais. “É possível denunciar pelo Disque 100, de forma gratuita e anônima, ou procurar órgãos como o Ministério Público, Defensoria Pública, Conselho do Idoso, CREAS ou delegacias especializadas”, orienta a profissional.
As consequências emocionais também preocupam. A psicóloga, especialista em terapia cognitivo-comportamental, Karine Brock, alerta que o isolamento forçado pode ter efeitos devastadores. “O idoso começa a pensar que sua opinião não importa, que está sendo excluído. Isso pode gerar tristeza profunda, apatia, distúrbios do sono e até depressão”, explica. Segundo ela, é fundamental que a família promova o diálogo e valorize a participação ativa do idoso nas decisões, mesmo em casos que exigem medidas protetivas, cabíveis na Lei.
Amparada por leis como o Estatuto do Idoso e pela Constituição Federal, a pessoa idosa tem direito à convivência familiar, à dignidade e ao respeito. Qualquer violação desses direitos pode ser denunciada e punida conforme prevê a legislação brasileira, conclui Dra. Nivea Ferreira.
*Com edição de Marina Yazbek Dias Peres