Encontros fazem parte do ‘Omodé: Festival Sesc de Arte e Cultura Negra para a Molecada’ que celebra as culturas afrobrasileiras no Sesc Bom Retiro
Redação Publicado em 02/07/2023, às 12h00
A palavra omodé, em yorubá, abrange os universos das crianças. Seu significado percorre o início da vida humana, fase que exige cuidado e encantamento. E é a partir desse conceito que o Sesc Bom Retiro realiza Omodé: Festival Sesc de Arte e Cultura Negra para a Molecada, uma mostra artística e educativa que, entre junho e agosto, oferece apresentações de teatro, dança e música, exibições de filmes, exposição, atividades físico-esportivas, ações formativas e bate-papos.
O Festival tem por objetivo enaltecer culturas afrobrasileiras na relação com as várias formas de ser criança, além de reverberar a importância de se pensar coletivamente a ancestralidade, o antirracismo e a diversidade na infância, através do convívio, do compartilhamento de saberes e da arte.
Suas atividades se inserem no contexto do aniversário de 20 anos da Lei 10.639/03, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afrobrasileira na educação pública e privada, posteriormente atualizada para 11.645/08, que inclui a história e cultura indígenas, contemplando a pluralidade de heranças étnicas presentes no país.
Ao longo do mês, o festival realiza encontros diversos como o Corpo Negro educador (Com Kiusam de Oliveira e Thiago Elniño Miranda. Mediação Ana Carolina Alves de Toledo), Maternidades Negras (Thiffany Odara e Luciana Viegas. Mediação: Dulci Da Conceição Lima), 20 anos da Lei 10.639 (Macaé Evaristo e Janaú. Mediação de Jussara de Paula Justino) e Paternidades Negras(Com Thiago Ribeiro e Theo Brandon. Mediação Jailton Nascimento Carvalho).
Além dos encontros, são realizados espetáculos de música, teatro, circo e dança, contação de histórias, vivências esportivas, sessões de cinema e oficinas lúdicas, parte das atividades são gratuitas ou grátis para crianças até 12 anos. Confira abaixo a programação:
Encontros
Corpo Negro educador
Com Kiusam de Oliveira e Thiago Elniño Miranda. Mediação Ana Carolina Alves de Toledo
O encontro propõe a reflexão sobre o papel do corpo negro como educador. Vamos debater sobre a importância da presença e do protagonismo de corpos negros, quando educadores e educadoras, e refletir sobre as possibilidades e desafios de uma educação antirracista que valorize e respeite a diversidade étnico-racial.
Dia 5/7, quarta, das 19h às 20h30. Local: Praça de Convivência. Livre. Grátis.
Maternidades Negras
Thiffany Odara e Luciana Viegas. Mediação: Dulci Da Conceição Lima
A maternidade é um tema que envolve múltiplas dimensões, desde o cuidado de si até a criação e educação dos filhos e a necessária rede de apoio social para as mães. A partir de relatos e discussões, serão abordados temas como a construção do papel da mãe negra na sociedade e a maternidade como um espaço de resistência, afeto e aprendizado.
Dia 12/7, quarta, das 19h às 20h30. Local: Praça de Convivência. Livre. Grátis.
20 anos da Lei 10.639
Macaé Evaristo e Janaú. Mediação de Jussara de Paula Justino
Este ano marca os 20 anos da lei 10.639/11.645, o que nos convida a refletir sobre os avanços alcançados e os desafios que ainda persistem em termos de construção de relações étnico-raciais mais equânimes na sociedade brasileira. É fundamental avaliar o que foi feito até agora e preparar um solo fértil de possibilidades para frutificar futuras ações.
Dia 20/7, quinta, das 19h às 20h30. Local: Praça de Convivência. Livre. Grátis.
Paternidades Negras
Com Thiago Ribeiro e Theo Brandon. Mediação Jailton Nascimento Carvalho
A paternidade negra é o tema central dessa mesa, que busca explorar a diversidade de experiências vividas pelos pais negros na sociedade brasileira. Com relatos e debates, serão discutidos temas como a construção do papel do pai negro na família e na sociedade, as questões relacionadas à educação e formação das crianças e a paternidade como espaço de resistência e afeto.
Dia 26/7, quarta, das 19h às 20h30. Local: Praça de Convivência. Livre. Grátis.
Ana Carolina Toledo é mulher cis negra, educadora física, dançarina afro, monitora de esportes no Sesc SP. Nascida e criada dentro da cultura de terreiro. Pesquisadora das encruzilhadas entre pedagogias e corpo-oralidades negras. Mestra em Artes, com pesquisa nos significados ancestrais dos movimentos de quadril nas danças negras, pelo IA UNESP. Especialista em "Corpo: dança, teatro e performance", pelo Célia Helena. Bacharel em Marketing e em Esporte pela USP. Integrante do Grupo Terreiro de Investigações Cênicas (IA UNESP).
Dulci Lima é doutora em Ciências Humanas e Sociais pela UFABC. Mestra em Educação, Arte e História da Cultura pelo Mackenzie. Bacharel em História pela USP. Pesquisadora no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP.
Jailton Carvalho é nascido no sertão da Bahia, criado na periferia de São Paulo. Filho natural de pai agricultor e metalúrgico do ABC e filho adotivo do povo Kamaiurá do Alto Xingu. Licenciado em Educação Artística pela UNESP e Mestre em História da Educação pela USP. Trabalhador do SESC há 19 anos e pai do Miguel, há 12.
Janaú - Marajowara. É poeta, artista-visual e educadora. Publicou os livros de poesia: "Atlântida"(Ed. Urutau), 'Verão Cinza' (Ed. Primata), "JANAÚ" (AUA editorial), e "Felina Abissal' (Editorial Nosotros). Como artista visual, tem interesse na retomada indígena e nas curas possíveis para o trauma colonial em Abya Yala. A armadilhas e potência da linguagem é um campo recorrente em seus trabalhos. Em 2019 expôs na mostra "Agosto indígena" realizada no Coletivo Colabirinto/SP; participou da residência artística "Rizoma", realizada pela Galeria Andrea Rheder/SP e da exposição "Jardinalidades" no Sesc D.Pedro II/SP com a Oficina "Pergunte às plantas". Em 2021 integrou a exposição "History footnotes" na galeria Marres, em Masstricht/Holanda. Atua ainda, como professora na Educação Básica. Vive em Ubatuba/SP.
Jussara de Paula Justino é Mulher Preta Musicista e arte educadora. Doutoranda em Educação e Integra equipe sócioeducativa do Sesc Araraquara.
Kiusam Regina de Oliveira foi professora na Universidade Federal no Espírito Santo (até 2019), na disciplina de Educação das Relações Étnico-Raciais. Doutora em Educação e Mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Pedagoga habilitada em Orientação Educacional, Administração Escolar e Deficiência Intelectual. Escritora. Artista multimídia. Arte-educadora. Bailarina e coreógrafa. Contadora de histórias da mitologia afro-brasileira. Foi orientadora pedagógica do projeto Geração XXI, o primeiro de Ação Afirmativa do país. Em 2010 foi representar o Brasil na FESMAN (Festival Mundial de Artes Negras), no Senegal. Tem palestrado pelo Brasil sobre a temática das relações étnico-raciais, focando em: educação das relações étnico-raciais, infância negra, mulher negra, identidade negra, candomblé e educação, corporeidade afro-brasileira, danças afro-brasileiras e sobre implementação da lei 10.639/03.
Luciana Viegas é autista, mulher preta e mãe de um menino autista não oralizado. Formada em pedagogia, atua como professora da educação básica e educação inclusiva desde 2014. Em 2020, decidiu criar o perfil @umamaepretaeautistafalando para falar sobre seu diagnóstico de autismo tardio, a vida de uma mãe preta atípica e experiências com educação inclusiva. É ativista da luta anticapacitista e antirracista. A favor dos direitos humanos das pessoas com deficiência. E Idealizadora do #
Macaé Evaristo atuou por 19 anos como professora na rede municipal de Belo Horizonte. Assumiu em fevereiro de 2023 o primeiro mandato como deputada estadual, da 20ª Legislatura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Graduada em Serviço Social e mestre em Educação, é doutoranda pela UFMG. Foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária de Educação no município de Belo Horizonte (2005 a 2012) e no estado de Minas Gerais (2015 a 2018). Em 2013 e 2014, foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação. A parlamentar coordenou programas como a implantação de Escolas Indígenas, a Escola Integral em Minas Gerais, a Escola Integrada em BH e as cotas para ingresso de estudantes de escolas públicas, negros e indígenas no ensino superior, quando esteve no MEC.
Theo Brandon, Homem, trans, negro, ativista, pai de Dionísio, Técnico em Informática pelo Instituto Federal da Bahia (IFBA - Camaçari), graduando em Medicina pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB - Salvador) e diretor de financeiro da Liga Acadêmica de Endocrinologia e Metabologia da Bahia (LAEMB - UNEB).
Thiago Elniño é rapper, pedagogo e educador Popular nascido a 35 anos na cidade de Volta Redonda, RJ. Envolvido com a música desde os 15 anos de idade, o nome artístico, Thiago Elniño, veio da simbologia da alteração de temperamento drástica de um sujeito, hora tranquilo, hora extremamente agressivo no palco quando passou a participar de batalhas de MCs. Hoje com sua forte identidade ligada as lutas da população preta, sua cultura e espiritualidade, Thiago se estabelece como um importante nome no rap brasileiro
Thiago Ribeiro tem 39 anos, é tradutor/intérprete, fotógrafo documentarista, pesquisador, ativista pelos direitos humanos. É Embaixador do Instituto Jô Clemente(Antiga APAE de SP), idealizador do Projeto Expográfico "InvisibiliDOWN - Ensaios sobre o Racismo e a síndrome de Down, premiado como um dos 50 melhores projetos de fotografia documental da América Latina 2022 pela Latin American Photography Foundation, LíderRAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade) e membro do Comitê de Acompanhamento da Política de Cotas do município de São Paulo. Também é fundador do Instituto InvisibiliDOWN, que atua promovendo a garantia de direitos para pessoas com síndrome de Down negras e em situação de aguda vulnerabilidade. E pai do Noah, que tem 3 anos e, que entre tantas outras características, também tem síndrome de Down.
Thiffanny Odara, mulher negra, travesti, mãe de uma criança negra, Iyálorì a do Terreiro ya Matamba, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade (PPGEDUC - UNEB), além de especialista em Gênero, Raça e Sexualidade na mesma universidade. Além disso é autora do livro "Pedagogia da Desobediência: Travestilizando a Educação" e cria conteúdos popularizando conhecimentos ancestrais e travestilizando as relações e a educação.
OMODÉ: FESTIVAL SESC DE ARTE E CULTURA NEGRA PARA A MOLECADA
Até 30/8/2023
Sesc Bom Retiro
Rua Alameda Nothmann, 185. Campos Elíseos, CEP 01216-000. São Paulo – SP.
Telefone: (11) 3332-3600
Programação completa Link
ESTACIONAMENTO DO SESC BOM RETIRO - (Vagas Limitadas)
O estacionamento do Sesc oferece espaço para pessoas com necessidades especiais, carros de baixa emissão, carros elétricos e bicicletas. A capacidade do estacionamento é limitada. Os valores são cobrados igualmente para carros e motos. Entrada: Alameda Cleveland, 529.
Valores: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2 por hora adicional (Credencial Plena). R$ 12 a primeira hora e R$ 3 por hora adicional (Outros). Valores para o público de espetáculos à noite R$ 7,50 (Credencial Plena). R$ 15 (Outros).
Horários: Terça a sexta: 9h às 20h. Sábado: 10h às 20h. Domingo: 10h às 18h. IMPORTANTE: Em dias de espetáculos o estacionamento funciona até o término da apresentação.