Mariana Kotscho
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Como transformar a repetência escolar em oportunidade

Dicas práticas ajudam pais a apoiar os filhos, preservando autoestima e incentivando o aprendizado apesar da repetência

Redação Publicado em 30/12/2024, às 06h00

Repetir de ano: trauma ou oportunidade?
Repetir de ano: trauma ou oportunidade?

A repetência escolar é um tema sensível para muitas famílias, mas, segundo a neuropsicopedagoga Tatiany Amad Velloso, ela não precisa ser encarada como um fracasso. Pelo contrário, pode se tornar uma valiosa oportunidade de aprendizado e fortalecimento emocional. Para isso, é essencial que os pais adotem uma abordagem acolhedora e positiva, evitando críticas ou rótulos que possam afetar a autoestima da criança.

Repetir o ano não é fracasso, é oportunidade

Repetir o ano não define o valor da criança nem o seu potencial. Cada pessoa tem seu próprio ritmo de aprendizado, e o importante é valorizar o esforço e a superação”, explica Tatiany. Para ajudar os filhos a entenderem essa perspectiva, os pais podem utilizar frases como:

“Você terá mais tempo para entender melhor os conteúdos.”

“Essa é uma chance de melhorar em algo que você ainda está aprendendo.”

“A repetência é apenas uma pausa para você ficar mais preparado(a) para o futuro.”

Além disso, combinar essas palavras com gestos de apoio, como revisar o material juntos ou criar uma rotina de estudos colaborativa, faz toda a diferença.

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Como equilibrar apoio emocional e responsabilidade

Tatiany orienta que o equilíbrio entre acolhimento emocional e estímulo à responsabilidade é essencial. “O objetivo não é cobrar, mas mostrar que organização e compromisso são passos importantes para o sucesso. Estabeleça uma rotina clara, mas com flexibilidade e participação da criança, para que ela se sinta segura e motivada”, ressalta.

Reconhecer os esforços, por menores que sejam, ajuda a criar um ambiente positivo. “Ouvir as dificuldades e comemorar pequenas conquistas reforça a confiança da criança em seu potencial”, acrescenta a especialista.

Enfrentando a vergonha e o medo do julgamento

Quando a criança sente vergonha ou medo de ser julgada por amigos ou familiares, é hora de reforçar a resiliência. “Explique que desafios são comuns na vida de todos e que a opinião alheia não define quem ela é. Encoraje-a a focar no progresso e a lidar com comentários com confiança”, aconselha Tatiany.

Em casa, é importante que os familiares evitem comparações ou críticas. Criar um ambiente de apoio emocional é fundamental para que a criança se sinta amparada.

Estratégias para preservar a autoestima

  • Para que a repetência não prejudique a autoestima a longo prazo, a neuropsicopedagoga sugere algumas estratégias:
  • Valorize as qualidades e talentos da criança: explore atividades fora da escola, como esportes, música ou artes, que possam reforçar a confiança.
  • Celebre pequenas vitórias: tanto no aprendizado quanto no comportamento, reconhecendo cada progresso.
  • Mantenha o diálogo aberto: permita que a criança expresse seus sentimentos, mostrando que ela pode contar com os pais.
  • Busque ajuda profissional, se necessário: sinais persistentes de baixa autoestima devem ser acompanhados por um psicólogo ou psicopedagogo.

Repetência como aprendizado para a vida

Tatiany conclui que, ao adotar uma abordagem acolhedora e proativa, a repetência escolar pode se transformar em um momento de aprendizado não apenas acadêmico, mas também emocional.

“Mais do que aprender conteúdos, a criança terá a chance de desenvolver resiliência, autoconfiança e responsabilidade. E isso são lições para toda a vida.”