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Lesões auto-infligidas: Como cuidar para evitar que pessoas em nosso entorno se machuquem?

A ginecologista Dra. Ligia Santos alerta para que as pessoas fiquem atentas a sinais de lesões auto-infligidas em pessoas à sua volta

Dra. Lígia Santos* Publicado em 28/09/2022, às 06h00

O mês de setembro amarelo é usado como campanha para ressaltar a importância da saúde mental
O mês de setembro amarelo é usado como campanha para ressaltar a importância da saúde mental

ALERTA: Esse texto pode conter alguns gatilhos, por tratar de suicídio e lesão auto-infligida. 

Oi, pessoal, tudo bem? Continuando com o tema de suicídio, já que estamos no mês de setembro dourado, mês de combate ao suicídio, eu quero falar sobre automutilação. A automutilação é um dos fatores de risco para suicídio que também acaba, muitas vezes, passando despercebido. São lesões que as pessoas fazem nelas mesmas, não necessariamente com a intenção de se suicidar, mas certamente com a intenção de se machucar. E esse quadro preocupante vem aumentando bastante ultimamente, em relação aos jovens principalmente. 

O fato de você perceber que essa pessoa está se automutilando já é suficiente para procurar ajuda médica no caso um psiquiatra, para poder fazer o tratamento. Além disso, é interessante dar seguimento com acompanhamento terapêutico. 

A automuitlação, muitas vezes, assim como o suicídio, está ligada a fatores culturais. Então, pessoas que são vítimas de bullying, da comunidade LGBTQIAP+, de grupos sociais vulneráveis podem estar mais expostos à automutilação do que a população em geral. É importante pensarmos: quais são os fatores de risco? Será que essa pessoa está nesse grupo que é mais vulnerável, que sofre mais? Será que está com desalento, com mais dificuldade?

Como podemos perceber que a pessoa está se automutilando? Vemos muitos arranhões, mordidas, machucados, feridas, que nunca melhoram. Essa pessoa que costuma estar sempre machucada, em alguns casos, tenta esconder, usando manga comprida mesmo no calor. 

É importante que nós nos aproximemos, especialmente dos jovens, já que é o grupo mais atingido por esse tipo de problema. Esteja atento a ouvir, sem julgamentos sobre o que está acontecendo. Questione: Por que você está se machucando? O que você está sentindo que faz com que você se machuque? O que você sente quando está se machucando? Isso é melhor mesmo? Te alivia? Você já teve pensamentos suicídas? Sãoo questões que podem ser feitas tanto na escola, quanto em lugares que os jovens costumam frequentar.

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Essa pessoa na verdade esta pedindo socorro. Cada mordida, cada risco, cada lesão é um pedido de socorro. Então, atente para quem está do seu lado, para quem está junto de você, para quem está com uma vida que não está muito bacana, e está quase pensando em desistir.

Automutilação é muito sério, considere as lesoes auto-infligidas como um sinal importantíssimo de que talvez, em breve, essa pessoa vai desistir de se machucar e vai se matar. E o suicídio não afeta só um pessoa, ele afeta uma comunidade inteira, uma família inteira, ele afeta muita gente. Pense em uma pessoa que se suicidou e o impacto que isso teve em uma familia, na escola, no trabalho, nos lugares onde essa pessoa andou e conviveu, o quanto se destrói, muitas vezes, famílias, pai que se suicida, filho que se suicida, o quanto isso desestrutura uma familia.

Estamos falando de algo que é muito maior do que uma pessoa só, e devemos e podemos prevenir. Sempre que puder indique ajuda, atendimento especializado, isso faz muita diferença. A questao da lesão auto-infligida é facil de reconhecer e merece muito respeito porque se trata de uma coisa muito séria.

Veja na íntegra o vídeo da Dra. Ligia Santos sobre o assunto:

*Dra. Ligia Santos é ginecologista 

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