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Famílias Francesas são exemplos de boa educação?

Livro sobre a educação de crianças francesas fez sucesso no Brasil

Larissa Fonseca* Publicado em 24/08/2022, às 06h00

Não é preciso ir muito longe para encontrar exemplos de boa educação
Não é preciso ir muito longe para encontrar exemplos de boa educação

Um famoso livro lançado no Brasil fez muito sucesso retratando as crianças francesas como exemplos de boa educação, boas maneiras e boa alimentação.

Muitos pais buscam nessa obra uma salvação para os conflitos de casa. Mas não é preciso ir tão longe.

Primeiramente, as questões culturais influenciam bastante os comportamentos e modos de lidar com cada situação e comportamento dos filhos.

O que esse livro mostra e a principal mensagem que ele tenta passar é que os limites estabelecidos pelos pais ainda são a base para a orientação aos filhos.

O que acontece é que os pais ainda buscam alternativas para educar os filhos ao mesmo tempo em que sentem imensa dificuldade em dizer não e acabam dando aos filhos mais “controle” e autonomia do que eles conseguem assimilar e lidar.

E nesse ponto (claro que não é regra) as famílias francesas relatadas no livro, seguem uma linha na qual “o controle” ainda permanece nas mãos dos pais. Saber esperar, entender que nem sempre conseguirá o que quer, respeitar limites, aprender responsabilidades, tudo isso retratado no livro como “pausa”, é fundamental para o desenvolvimento saudável da criança e para que ela aprenda regras e limites, o que melhora o bom comportamento, mas em princípio isso pode gerar conflitos.

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E é nesse ponto que, em nossa cultura que coloca os desejos, vontades e necessidades dos filhos acima de tudo, os pais acabam se perdendo. Nem sempre é fácil dizer não aos filhos, pedir que esperem, evitar resolver por eles os conflitos, etc. Mas como aponta o livro, a “tirania” dos filhos se dá a partir dessa ideia de que eles devem ter tudo sempre e a qualquer momento, o que difere da ideia de educação implementada nessas famílias francesas que agregam os filhos a rotina da família ao invés de simplesmente viverem para os filhos.   

Claro que, sempre haverá birras, testes, choros, recusas por parte das crianças, no entanto, a intensidade, a frequência e o desgaste que esses comportamentos provocam serão menores quando a criança já tem uma base e conhece as consequências e limites de seus comportamentos e escolhas.

E é indiscutível que os filhos são e devem ser prioridades na vida dos pais. Por isso, os conceitos apresentados no livro não são tão novos e tão pouco exclusivamente “franceses”, mas certamente reforçam o quão necessário é que os pais, como parceiros mais experientes e maduros do que os filhos, os apresentem os limites, e claro, sem perder a ternura!