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Dia Internacional da liberdade feminina: autoconhecimento é o primeiro passo para alcançar equilíbrio e plenitude

A importância do autoconhecimento na vida das pessoas, principalmente das mulheres

Heloísa Capelas* Publicado em 08/03/2023, às 06h00

Mulheres: a importância do autoconhecimento
Mulheres: a importância do autoconhecimento

Como observadora humana, percebo o quanto nós, mulheres, temos cada vez mais conquistado espaços de liberdade, mas também o quanto muitas sofrem por estar numa briga interna entre querer e não conseguir sentir-se livre.

Não faz muito tempo que iniciamos as conquistas pelos espaços de direito e igualdades em nossa sociedade. E sim, as mulheres se sobressaíram, aprenderam a dirigir, a consertar todo tipo de coisa... e foram abrindo novos campos em todas as áreas. Vimos gerações valentes e precursoras que sedimentaram o caminho para que outras continuassem os avanços, por exemplo, reconhecendo que as características masculinas de liderança – única referência até então –, eram apenas uma parte. Houve, e ainda há, o resgate de características inerentes ao nosso gênero e que hoje são bastante valorizadas pelo mundo corporativo: soft skills como a empatia, capacidade de assumir multitarefas, ter visão sistêmica etc. E tudo sem ter que deixar de lado a amorosidade, o acolhimento, e, por que não, os artefatos de beleza como vestidos, salto alto e batom.

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Acontece que nesse caminho, assumindo cada vez mais funções e responsabilidades, a mulher demorou um pouco para perceber que não tinha superpoderes. Chegando à exaustão, notou que estava pagando um preço muito alto por querer dar conta de tudo. O sentimento, praticamente unânime, foi um só: a mulher sentiu o peso de toda essa carga, sentiu-se aprisionada em uma rotina que parecia não ter fim. Afinal, como se sentir livre, tendo que cumprir com excelência e sozinha várias funções, como ser mãe, mulher, dona de casa, empreendedora, líder?

O conceito da liberdade

Algumas pessoas podem até não ter a percepção, mas a liberdade é um sentimento, é a sensação de não estar preso ou presa a nada. Ninguém te dá a liberdade, você a sente. E sentir liberdade é sempre uma decisão. Pense a respeito, por exemplo, quando você se sente “presa” a compromissos, a pessoas, a necessidades ou situações, quem a prende? Que sensações acontecem dentro de você?

Liberdade é saber que você constrói a sua vida de uma maneira consciente e que ninguém tem o poder de te prender, a não ser você mesma. Nesse sentido, o autoconhecimento é o primeiro passo para todas as decisões. Por meio dele é possível entender todas as situações vivenciadas, o que elas provocam em você e descobrir por que elas estão causando tal sentimento de prisão. Em alguns momentos, você estaria chorando por que perdeu algo ou por estar muito satisfeita e aliviada em não ter mais que lidar com determinada situação? [1] O que significa “prisão” na sua vida, o que lhe causa? Tudo isso é autoconhecimento e é importantíssimo saber sobre [2] para que o caminho da liberdade possa ser melhor construído.

A mulher hoje é livre, aliás, nós sempre fomos. O que nos dita são as nossas escolhas e nada mais. Elas precisam sempre ser feitas, pois quanto mais deixamos para os outros atenderem às[3]  nossas necessidades básicas, mais na infância ficamos, mais permanecemos num modo inconsciente e imaturo, então, tudo absolutamente, se chove ou se faz sol, vai nos prender.

Para a inclusão, compartilhar é a palavra de ordem

À medida que saímos dessa prisão criada por nós mesmas, percebemos que não podemos dar conta do mundo e está tudo bem. Acontece que a grande maioria de nós, mulheres, temos a necessidade de controle e, muitas vezes, achamos que nosso lugar não pode ser ocupado pelo homem. Sabe aquele caminho que fizemos para ocupar o lugar masculino? Pois agora precisamos fazer o caminho de volta, afinal, somos seres humanos, com as mesmas capacidades.

Vamos precisar, sim, da ajuda de outras mulheres, daí surge a ideia da sororidade, uma mulher colaborando com a outra e não disputando. Isso é muito moderno, maravilhoso, um movimento de futuro, mas para isso precisamos, sim, saber reconhecer e compartilhar essas funções com os homens também. Da mesma forma que damos conta de sermos aviadoras e construirmos bombas nucleares, de sermos donas de postos de gasolina e dirigir tanques de guerra, os meninos também são capazes de cuidar de casa, de criar filho, de fazer uma comida gostosa e temos de dar espaço para que isso aconteça. A inclusão parte da gente, é um movimento coletivo. O feminismo não é um movimento só de mulheres, inclui a todos, homens e mulheres precisam ser feministas para que a inclusão exista. Então, como daremos conta de todas as funções? Compartilhando.

Em todo esse caminho é preciso autoconhecimento. Como homens e mulheres do passado, fizemos tudo que poderíamos fazer, no nível de consciência que tínhamos. Está na hora de ampliar esse nível, de nos conhecermos mais, de compartilharmos, de incluirmos as pessoas nas nossas histórias – desde os nossos antepassados, principalmente os nossos pais e os nossos companheiros de vida. O equilíbrio e a plenitude são alcançados quando todos se respeitam, aceitam, compartilham e colaboram com as funções. Esse caminho sim, é capaz de nos permitir conciliar tantas versões de nós mesmas, de aceitarmos nossas vulnerabilidades e sentirmos liberdade.

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Heloísa Capelas

*Heloísa Capelas, especialista em autoconhecimento e inteligência emocional