Profissional com mais de cinco décadas de atuação aponta erros comuns dos pais e destaca importância do estímulo correto para a fala infantil
Simon Wajntraub* Publicado em 16/09/2025, às 06h00
O atraso na fala infantil tem se tornado uma preocupação crescente entre famílias, muitas vezes levando a diagnósticos precipitados de autismo. Para um especialista com mais de 50 anos de experiência na área, grande parte dos casos não está ligada a questões neurológicas, mas sim à ausência de estímulo adequado, falhas no convívio familiar e erros recorrentes na educação das crianças.
Há inúmeros exemplos de pacientes que passaram anos sem falar e, após técnicas específicas, conseguiram desenvolver a linguagem em poucas semanas. Um caso emblemático foi o de um garoto de 11 anos considerado autista pela escola que, em apenas dois meses de estímulo intenso, começou a se comunicar normalmente.
O método adotado é chamado de “pressão positiva” e consiste em incentivar a criança a verbalizar seus desejos, em vez de se limitar a apontar ou gesticular. Com o tempo, surgem as primeiras palavras e, em seguida, frases completas. O especialista ressalta que a chave está em aliar firmeza ao incentivo e transformar o processo em algo natural.
Além do estímulo direto, a abordagem inclui a participação da criança em atividades sociais, gravações personalizadas com pequenas histórias para repetição de frases e o uso de recursos tecnológicos, como desenhos animados e jogos, que atraem mais atenção do que brinquedos tradicionais. O objetivo é conquistar o interesse da criança e tornar o aprendizado prazeroso.
Para o especialista, os maiores obstáculos estão no ambiente doméstico. Entre os erros mais comuns estão a demora em colocar os filhos na escola, a falta de diálogo substituída pelo excesso de telas, a superproteção prolongada e hábitos alimentares inadequados que afetam até a disposição para aprender.
Outro ponto levantado é o aumento de diagnósticos equivocados. Muitas crianças chegam ao consultório com o rótulo de autismo, mas, quando recebem os estímulos corretos, em pouco tempo passam a falar normalmente. “O silêncio não deve ser automaticamente interpretado como transtorno neurológico”, alerta.
A visão do especialista é de que a educação dos filhos deve equilibrar afeto e firmeza. Superproteção ou repressão excessiva prejudicam o desenvolvimento. O caminho, defende, está no diálogo, na convivência diária e no estímulo contínuo, fatores essenciais para que a fala e a autonomia infantil floresçam naturalmente.
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