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Por que os livros impressos são melhores do que as telas para o aprendizado dos jovens?

A leitura em telas pode impactar negativamente o aprendizado

Lana Romani* Publicado em 19/09/2023, às 06h00

A leitura digital ganhou força durante a pandemia
A leitura digital ganhou força durante a pandemia

Ler é sempre ler, certo? Não exatamente.

Os estudantes que desejam aprender sobre a era paleozoica, mergulhar nos clássicos da literatura brasileira ou apenas se debruçar em uma boa história têm muitas opções: livros tradicionais de papel, e-readers, livros de áudio, tablets, telas de computador, celulares ou relógios inteligentes. No entanto, quando se trata de aprendizado, todos esses meios são iguais? Quais são os melhores para a compreensão quando se trata de estudantes do ensino fundamental?

Nos últimos anos, a tecnologia ganhou um grande impulso nas escolas – uma mudança que muitos educadores preveem que será permanente. Porém, tanto a pandemia quanto a ciência já evidenciaram que a total digitalização na educação é um erro. Estudos mostram que quando o texto tem mais de 500 palavras, os leitores geralmente têm melhor desempenho em testes de compreensão com livros impressos. A superioridade de materiais impressos fica ainda mais clara quando esses testes vão além das perguntas com respostas superficiais para aquelas cujas respostas exigem conclusões, detalhes sobre o texto ou a lembrança de quando e onde ocorreu um evento em uma história.

Pesquisadores na Espanha e em Israel, por exemplo, examinaram de perto 54 estudos comparando leitura digital e impressa, envolvendo mais de 171 mil leitores. Eles descobriram que a compreensão era melhor em geral quando as pessoas liam textos impressos em vez de textos digitais. Os resultados foram publicados pela Educational Research Review.

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Estudos de metalinguagem também revelam que ler nas telas tem um efeito negativo na compreensão em comparação com ler o texto em uma página de papel. Os leitores de livros impressos também mostram um senso mais preciso de sua própria compreensão, enquanto aqueles que leram digitalmente pensaram que entenderam o texto melhor do que realmente entenderam.

Grande parte da leitura que os alunos fazem nas telas requer apenas atenção superficial, como ler um tweet ou uma legenda do Instagram. A leitura de textos complexos nas telas é mais desafiadora porque os leitores prestam pouca atenção a qualquer coisa lida digitalmente, mesmo que exija mais foco. É importante ressaltar que o excesso de telas traz danos perigosos à saúde mental das crianças e adolescentes, o que já foi comprovado pela ciência, como aumento do déficit de atenção, hiperatividade, ansiedade, distúrbios do sono e depressão. Por isso, países desenvolvidos, como Suécia, Holanda e Dinamarca, por exemplo, já comprovaram cientificamente que digitalizar 100% dos livros não é eficiente para o aprendizado.

Enquanto isso, no Brasil, depois de assegurar que usaria apenas materiais didáticos digitais nas escolas públicas, descartando os livros do MEC com seus conteúdos ideológicos, o governo de São Paulo voltou atrás e garantiu que o conteúdo também será impresso e entregue aos alunos da rede estadual, seja pela própria escola ou pela secretaria de educação. Foi, sem dúvida, uma decisão acertada, já que o livro escolar impresso é, comprovadamente, a maneira mais eficaz para o aluno aprender e reter o conhecimento a longo prazo.

* Lana Romani é fundadora do Escolas Abertas, movimento da sociedade civil que tem a melhoria da educação pública no Brasil como sua causa.