Especialista explica o que é a dor do crescimento e a importância do tratamento
Adriano Leonardi* Publicado em 20/05/2024, às 06h00
O que é a dor do crescimento em crianças?
A dor do crescimento é uma queixa muito comum na prática pediátrica e ortopédica e é responsável por 15% de todas as dores em crianças. São definidas como dores vagas na musculatura de forma recorrente que afetam crianças.
Alguns autores introduziram o conceito de tempo para definir este problema, trazendo o conceito que a dor do crescimento é quando há presença dos sintomas por pelo menos 3 meses.
É uma dor que geralmente se inicia na infância e termina na idade adulta, tem caráter musculoesquelético intermitente, frequentemente localizada em ambos os lados da coxa ou perna.
As dores de crescimento geralmente causam uma sensação dolorosa ou latejante, principalmente à noite e, em alguns casos, algumas crianças também podem sentir dores de estômago e de cabeça. A dor não é todo dia, ele vem e vai e é de caráter variável.
Por que a dor do crescimento acontece?
A causa exata das dores de crescimento ainda não foi identificada. No entanto, os pesquisadores apontam para uma fadiga muscular por uso, hiperatividade (uso excessivo), fatores anatômicos (pés chatos, hálux valgo) ou causas psicogênicas (insatisfação com a atividade) como causas da dor.
Verificou-se que o crescimento ósseo em crianças ocorre à noite, o que pode explicar a dor devido às placas de crescimento esticadas, mas como o crescimento é lento e constante, isso não pode ser simplesmente o motivo da dor à noite. Portanto, a causa exata ainda não foi explicada.
Quando consultar um médico:
Fale com o médico ortopedista do seu filho se estiver preocupado com a dor no pé do seu filho ou se ele tem:
Quais exames complementares são importantes para avaliar o caso?
Não existem exames laboratoriais ou de imagem específicos, mas podem ser pedidos para dores do crescimento. Se seu filho já fez algum exame laboratorial ou de imagem, os resultados serão normais em um diagnóstico de dores do crescimento. O diagnóstico é de exclusão.
Exames laboratoriais e de imagem complementares, geralmente proteína C-reativa, velocidade de hemossedimentação e hemograma, são normais, exceto pela contagem de leucócitos, que pode estar discretamente elevada.
Entre os estudos de imagem, as radiografias das extremidades inferiores não mostram alterações e as cintilografias ósseas não mostram aumento ou diminuição do fluxo sanguíneo.
Em alguns pacientes, a densitometria óssea mostrou alterações de densidade abaixo do normal, indicando possíveis deficiências em oligoelementos como o cálcio, mas até agora tudo bem, esta hipótese não foi confirmada.
Tratamento para dores de crescimento
O tratamento das dores do crescimento deve ser realizado, pois o seu não tratamento pode levar a dor crônica no adulto e implicar em prejuízo da qualidade de vida e social para estas crianças no futuro.
Tratamento farmacológico durante a crise: composto por analgésicos, anti-inflamatórios orais e tópicos.
Medidas como o uso de compressas mornas, massagem suave nas mãos e a presença dos pais que fornecem apoio psicológico e emocional promove alívio da dor e melhora dos sintomas clínicos e são muito importantes para a criança.
Em crianças muito ativas e sintomáticas, recursos analgésicos e regenerativos teciduais da fisioterapia também podem ser empregados. Nestes casos, recomenda-se também o acompanhamento por um profissional de educação física a fim de se melhorar a qualidade do movimento.
Mensagem final
É muito importante que as famílias saibam que as dores do crescimento não são perigosas. Embora as dores do crescimento sejam uma condição benigna, elas podem ter um impacto na criança e na família. Você e seu filho podem conversar com seu médico ortopedista sobre as melhores maneiras de lidar com as dores.
Dr. Adriano Leonardi é Médico ortopedista, com título de especialidade na Sociedade Brasileira de Ortopedia e traumatologia (SBOT). Especialista em cirurgia do joelho, com título de especialidade na Sociedade Brasileira de cirurgia do Joelho (SBCJ). Médico do Esporte, com título de especialidade na Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE). Mestre em ortopedia e traumatologia pela Santa Casa de São Paulo