O contato precoce com a música auxilia no desenvolvimento cognitivo, emocional e social de bebês de 0 a 4 anos
Álvaro Carolei* Publicado em 18/10/2023, às 06h00
Somos seres musicais! E a conexão do ser humano com a música é comum desde a gestação, já que durante nove meses, ainda no ventre, convivemos com as batidas do coração de nossas mães, os ritmos do nosso próprio batimento cardíaco e da respiração. Um estudo publicado no PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), o jornal oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, publicado desde 1915, avaliou que a harmonia da voz da mãe e de seus batimentos cardíacos formam um conjunto musical com sintonia agradável que vai beneficiar, após o nascimento, o desenvolvimento dos bebês em diversas esferas.
Este contato precoce com a musicalidade ao seu redor ajuda a construir um contexto musical muito rico que acontece, segundo o renomado neuropediatra, Mauro Muszkat, devido ao movimento do líquido amniótico e os batimentos cardíacos que são sons bastante complexos. É neste período que o cérebro da criança começa a processar todo o conteúdo do entorno, ativando e desenvolvendo a memória e áreas motoras, fazendo com que os bebês tenham cada vez mais movimento.
Os benefícios da música para os bebês nesta fase partem do desenvolvimento cognitivo, passando pelo emocional e o social. É uma ferramenta útil para os pais que desejam dar aos seus filhos uma educação saudável e orgânica. Com o passar do tempo, o bebê que tem estímulos musicais torna-se mais ativo nas brincadeiras, fica mais atento e tem um repertório sensorial mais amplo. Mas é importante ressaltar que a música não seja vista só para o prazer e o lúdico, mas como uma arte modificadora do cérebro, órgão que tem plasticidade.
Não à toa, escolas de música e arte têm investido em aulas para crianças desde os primeiros dias de vida, acreditando exatamente na potência do desenvolvimento da comunicação, expressão corporal e socialização dos bebês. As aulas, realizadas em grupo, são direcionadas para crianças acompanhadas dos pais ou adulto responsável. Os instrumentos musicais mais utilizados são chocalhos e percussão. E os métodos aplicados se utilizam de formas bastante lúdicas em que também são trabalhados jogos pedagógicos musicais.
Além dos benefícios cognitivos, a música também pode ajudar a melhorar as habilidades linguísticas e a relação com a família. De acordo com especialistas, as atividades musicais da criança em sincronia com os pais promovem no cérebro de ambos a liberação de oxitocina, um hormônio que ajuda a fortalecer os laços entre pais e filhos.
A vivência musical promovida pela musicalização permite à criança o desenvolvimento da capacidade de expressar-se de modo integrado, realizando movimentos corporais enquanto canta ou ouve uma música. As experiências musicais iniciadas nesta fase podem melhorar a comunicação, expressão corporal e socialização dos bebês e, mais tarde, podem ser integradas em todo o currículo escolar.
*Álvaro Carolei é sócio do Anacã Artes. Entusiasta da música desde os 11 anos, coleciona mais de 20 anos de carreira. Formou-se em licenciatura plena em música com passagens expressivas em escolas de curso livre.