Aprenda a aproveitar suas férias sem gastar muito, explorando opções culturais gratuitas em São Paulo e conte com uma aliada
Luciana Pavan* Publicado em 24/01/2025, às 06h00
Esse período de férias de verão é propício para visitar espaços da cidade que, durante os meses mais corridos, não temos tanto tempo. A cidade de São Paulo, onde vivo e trabalho, fica especialmente mais convidativa nesse intervalo, quando as filas se reduzem em uma relação inversamente proporcional à ocupação das galerias, dos museus e dos parques. No primeiro fim de semana de 2025, fui dar uma volta na Avenida Paulista e, ao visitar a Fiesp, tive três insights, que me inspiraram a escrever este artigo.
A mostra “Venenosas, Nocivas e Suspeitas”, em cartaz no subsolo da instituição até 20 de abril, traz um debate intrigante sobre o silenciamento das vozes femininas ao longo da história. A artista Gisele Beiguelman relaciona plantas que foram proibidas ou demonizadas pelo colonialismo – por razões que vão do seu uso em práticas rituais a poderes afrodisíacos ou alucinógenos – a mulheres que foram apagadas da história da arte e da ciência. Esse foi o meu primeiro insight: foi preciso uma pesquisa profunda para nos tocarmos que saberes ancestrais, assim como o lado feminino do ser humano, foram calados ao longo da história. E como é importante esse debate estar à mesa atualmente.
Ao final da galeria, há um mural com várias mulheres, cujas pesquisas e saberes tiveram alta relevância em determinados momentos históricos. Entretanto, nem todas foram bem recebidas pelas sociedades nas quais estavam inseridas. No canto esquerdo desta parede, destaco a arte sobre a médica e filósofa italiana, Trotula de Salerno, considerada a primeira ginecologista da história, no século XI, em plena Idade Média. Sua bibliografia versava sobre menstruação, concepção, gravidez, parto, controle de natalidade e enfermidades. Dizem que ela praticava cesariana, além de ter sido adepta dos anestésicos, contrariando os preceitos católicos da época. Há quem diga que ela não existiu, sendo, na verdade, um coletivo de médicas e profissionais de saúde.
Essa exposição vai além e questiona, inclusive, a queda dos primeiros humanos do Paraíso, devido a uma atitude de Eva - comer a maçã, um fruto proibido, que em outras culturas, como na islâmica, é representado pelo romã. Um contraponto meu: achei curioso notar que atividades comerciais ou financeiras não foram retratadas na pesquisa conduzida para a realização dessa mostra de artes visuais.
E sabe o que é mais interessante? A exposição reúne 30 trabalhos inéditos, feitos com o uso de Inteligência Artificial. E isso me fez pensar também que essa solução tecnológica pode, sim, ser usada a favor da criatividade humana - quando bem empregada, obviamente.
Beiguelman fez uma bela intervenção, usando animação a partir de IA, mostrando que a tecnologia pode ser uma grande aliada do cérebro humano. A meu ver, a exposição é rica, muito bem organizada e nos traz um ótimo exemplo de uso de IA a nosso favor.
Essa exposição, assim como as outras duas em cartaz na Fiesp - “Outros navios” e “Extasia” -, é gratuita. E isso me fez lembrar um vídeo curtinho da 90 Segundos de Finanças em que falo sobre os gastos nas férias. Em muitas vezes, quem fica “em casa” no período de descanso, ao invés de viajar, acaba gastando mais. Mas como assim? É a primeira pergunta que nos fazemos. Acontece que, na maioria dos casos, as pessoas se permitem alguns gastos, como um jantar em um restaurante mais caro ou uma compra no shopping center, como um prêmio de consolação por não ter viajado.
Essas compensações e gastos por consolação são mecanismos naturais do nosso cérebro para aliviar nossas frustrações. Então, meu convite, como educadora e mentora financeira, é procurar prazeres culturais e gratuitos a serem feitos em suas cidades, durante as férias. Museus, parques, praças, passeios em calçadões e grandes avenidas, sessões de cinema gratuitas ou com ingressos populares, visitas a casas de amigos, brincar com os jogos guardados no armário: há um amplo leque a ser explorado. E novamente, vou retomar o que disse acima: a criatividade humana pode se aliar à IA e nos dar boas ideias para as férias. Pergunte para ferramentas como Chat GPT ou ao Gemini: o que posso fazer em minha cidade, sem ter que necessariamente gastar dinheiro? Quer apostar que a resposta pode ser surpreendente?
*Luciana Pavan é fundadora e idealizadora do 90 Segundos de Finanças
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