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Mulheres conquistam espaço na construção civil com capacitação em impermeabilização

Iniciativas como 'Mulheres em Obra' promovem inclusão e capacitação técnica para mulheres na construção civil

Bruna Siciliano* Publicado em 09/06/2025, às 06h00

Iniciativas influenciam a inclusão social - Pexels
Iniciativas influenciam a inclusão social - Pexels

Em um setor historicamente dominado por homens, a presença feminina na construção civil começa a ganhar fôlego com iniciativas que unem capacitação técnica e inclusão social. Um exemplo disso é o projeto “Mulheres em Obra de Impermeabilização”, que oferece formação específica em técnicas de impermeabilização, uma das áreas mais técnicas e fundamentais da construção.

A proposta tem como foco abrir caminhos para que mulheres possam atuar com qualificação em canteiros de obras, onde ainda são minoria. O projeto também se alinha aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente o ODS 5, que trata da igualdade de gênero.

Apesar dos avanços, a construção civil ainda mantém uma estrutura desigual em relação à presença feminina. Por muitos anos, a construção civil foi um ambiente dominado por homens. Embora esse cenário esteja mudando, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Queremos chamar a atenção para esse tema.

A trilha de conhecimento dentro da jornada do programa mulheres em obras de impermeabilização contempla teoria e prática, como o correto uso de produtos impermeabilizantes em fundações, lajes de cobertura expostas, áreas molhadas e molháveis sujeitas a contribuição de água por pressão positiva ou negativa.

Dados do IBGE apontam que as mulheres representam cerca de 10% da força de trabalho na construção civil brasileira. Contudo, a maioria ainda está em funções administrativas ou de apoio. Iniciativas como essa procuram reverter esse cenário, criando condições para que mais mulheres estejam também no campo técnico e operacional, com formação adequada e oportunidades reais de inserção profissional.

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Além do viés de capacitação, o projeto reforça a importância de políticas públicas e ações do setor privado que contribuam para a equidade de gênero no mundo do trabalho. Em um país onde a taxa de desemprego entre mulheres é historicamente superior à dos homens, a qualificação técnica em áreas estratégicas pode ser um caminho eficiente para diminuir as desigualdades e ampliar o protagonismo feminino em setores tradicionalmente masculinos.

No cenário atual do Brasil, há um número crescente de mulheres que são chefes de família e mães solo, muitas das quais dependem de alguma fonte de renda para sustentar seus lares. A indústria da construção civil pode — e deve — ser uma importante aliada nesse contexto. Além de ser um setor marcado pela desigualdade de gênero, também enfrenta a escassez de mão de obra qualificada.

É justamente nesse ponto que, enquanto profissionais do setor da construção civil, acreditamos que podemos fazer a diferença, absorvendo mulheres nos canteiros de obra e capacitando-as tecnicamente. Com isso, fomentamos não apenas a inclusão social, mas também a economia local, oferecendo oportunidades reais de geração de renda.

Nossa ambição é que essas práticas ganhem escala e contribuam para a economia do Brasil como um todo, levando desenvolvimento e prosperidade para todos os estados onde atuarmos com nossos projetos.

*Bruna Siciliano é especialista em construções saudáveis e sustentáveis, economia verde, soluções baseadas na natureza e descarbonização aplicadas a indústria da construção civil. Também é empreendedora e presidente do Grupo Siciliano Brasil, CEO Siciliano Ltda, Siciliano Tecnologia e Cofundadora Siciliano Pro.