Mariana Kotscho
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Mãe e filho: o amor não tem cor

Joy Asca compartilha as experiências de ser uma mulher preta com um filho branco

Joy Asca Publicado em 28/07/2023, às 10h00

Joy Asca e sua família - Foto: arquivo pessoal
Joy Asca e sua família - Foto: arquivo pessoal

Sou Josy Asca, mulher preta, paulista, pedagoga formada na Universidade Paulista de São Paulo, graduada em gestão escolar e africanidades e cultura afro brasileira. Sou casada e tenho dois filhos Maycon (18) e Jorge(4).

Em 2018 nasceu meu caçula, meu filho Jorge, que nasceu branco em uma família negra, confesso que não imaginaria o quanto isso mudaria minha vida! Sempre sofri racismo e preconceitos a vida inteira pela cor da minha pele mas sofrer essa violência por não ter a mesma cor de pele de um filho, doeu demais. 

Passei por algumas situações de me perguntarem o porquê de adotar uma criança branca, ou se eu era babá. São situações que viraram rotina para todos da família, mas o pior foi um dia que o Jorge deslocou o cotovelo e ao levá-lo no médico, o mesmo não quis atende-ló, deixando meu pequeno com o braço pendurado e a todo momento me pedindo meus documentos, então só depois que apresentei os dois (RGs), meu filho foi atendido!

Depois desse episódio, chorei muito e decidi escrever um livro infantil para que quando ele for questionado ele saiba como responder a maldade do mundo! Nós, adultos negros aprendemos a lidar com racismo desde muito cedo, mas as crianças de hoje não precisam passar pelo o que passamos um dia, nesse caso o Jorge é branco na sua pele, mas tem esteriótipos e sangue negro e esse é o “colorismo”, essa miscigenação que tanto existe no nosso país, porém as pessoas não conseguem aceitar que uma mulher negra tenha um filho branco sem que passe por um julgamento ( será que ela pulou a cerca?, são deles mesmo?, olha a palmitagem!!!).

Nesse livro “O amor não tem cor” eu explico através da árvore genealógica que ele herdou a sua cor de pele de sua avó materna e assim seus cabelos loiros, nariz, boca…e assim ele descobre toda sua ancestralidade e suas raizes passadas pelas gerações de seus antepassados.

Assim a literatura entra na minha vida e com ela uma inquietação de passar para as crianças através da Educação Antirracista, a importância da criança ter a representatividade e principalmente gostar de quem é!

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Como professora de Educação infantil, convivo com muitas crianças e vejo sus necessidades e em 2019 tive um aluno negro que chegou dizendo não gostar de ser negro e não aceitando suas origens e esteriótipos, tive um trabalho intenso durante o ano letivo, trabalhei mostrando, empoderando e apresentando personalidades negras para ele, como : Carolina Maria de Jesus, Mandela, Barack Obama entre outros e no fim do ano seus desenhos autorretrato que eram de qualquer cor, ganharam a sua cor, ele já se via como negro e estava gostando do que via! 

Então escrevi “ Akin e sua cor preciosa” que retrata a história de um menino muito empoderado e que ajuda seus coleguinhas da escola Nessa descoberta também!

Esses livros eu lançei na bienal de São Paulo e nas duas edições do Expo Favela São Paulo, agora farei o lançamento no Expo favela Rio dia 29/07. 

A educação antirracista é de extrema importância para combater o racismo e promover a igualdade. Ela busca conscientizar sobre a discriminação racial, desconstruir estereótipos e promover a diversidade, criando uma sociedade mais justa e inclusiva para todos. Ao aprender sobre a história e impacto do racismo, as pessoas podem trabalhar em prol da equidade e respeito mútuo, estou escrevendo outras histórias e quanto mais pessoas eu conseguir atingir com meus livros, será uma sensação de missão comprida!

Não é fácil, mas desistir não está nos meus planos.