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Álcool: Você conhece o movimento Sober Mom (mães sóbrias)?

A experiência de reduzir ou não ingerir álcool pode trazer benefícios à saúde das mães e mais consciência sobre o consumo de bebidas alcoólicas

Mariana Thibes* Publicado em 27/01/2023, às 06h00

O consumo de álcool pode ser prejudicial à saúde
O consumo de álcool pode ser prejudicial à saúde

Janeiro costuma ser o mês de definição de metas para uma vida melhor. Uma das metas mais comuns é buscar saúde, seja melhorando a dieta, praticando atividade física, ou, o que vem se tornando cada vez mais frequente, consumindo menos álcool.

Nesse espírito, foi criada, em 2013, no Reino Unido, a campanha Janeiro Seco, incentivando a pausa ou a redução no consumo de álcool no primeiro mês do ano. Mas, para além de uma pausa sazonal, temos observado outros movimentos que vão na direção de incentivar as pessoas a repensarem sua relação com o álcool, buscando um maior equilíbrio e um estilo de vida mais saudável.

Um desses movimentos é o Sober Mom (Mães Sóbrias). Nos últimos anos, foram frequentes relatos de mães que lançaram mão do álcool para lidar com o estresse e para obter algum relaxamento e sensação de bem-estar. Porém, como já alertamos, o consumo abusivo e frequente pode piorar a situação, fazendo com que as mães fiquem menos dispostas, menos saudáveis, mais ansiosas, podendo deteriorar até a qualidade das relações. Percebendo isso, algumas mães criaram o movimento Sober Mom (mães sóbrias) com o objetivo de oferecer apoio mútuo durante a jornada de se manterem sóbrias. Esse apoio ocorre por meio de conversas periódicas, reuniões, fóruns e atividades de suporte e conexão.

Em oposição ao #winemom (“mãe vinho”), a hashtag popularizada durante a pandemia que mostrava nas redes sociais mães exaustas usando vinho como recompensa para mais um dia difícil, o Sober Mom prega que o consumo abusivo de álcool não é o caminho para aliviar as agruras da maternidade, e sim, o apoio mútuo oferecido por outras mães em situação semelhante.

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Esse desejo de experimentar a sobriedade, ou uma vida com menos álcool, é cada vez mais comum, mesmo entre pessoas que não são mães. Outro movimento que se tornou notório foi o Sober Curious (sóbrios curiosos). O termo foi cunhado pela escritora britânica Ruby Warrington, que publicou, em 2018, o livro “Sober Curious”. Nele, ela explica que ser um sóbrio curioso significa se questionar sobre a sua relação com o álcool, chegando a um ponto em que você até pode beber uma taça ou outra de vinho, mas consciente do lugar que isso tem na sua vida.

O ponto central de movimentos como o Janeiro Seco, o Sober Mom e o Sober Curious é provocar a reflexão sobre o papel que o álcool tem em nossas vidas. A ideia é que, ao nos tornarmos mais conscientes deste lugar, possamos observar benefícios em nossa saúde e nossas relações que estimulem a adoção de comportamentos mais saudáveis.

A cultura do álcool também é questionada por esses movimentos, ou seja, aquela ideia de que é impossível se divertir e socializar sem álcool, e que se manifesta, principalmente, por meio da pressão social que sentimos quando decidimos beber menos ou não beber.

Muitas pessoas observam diversos benefícios à saúde física e mental ao entrar nessa jornada. Além dos benefícios de curto prazo à saúde física e mental, o resultado mais importante dessa experiência de pausas ou redução do consumo é a possibilidade de manter as lições aprendidas, permanecendo a longo prazo no caminho rumo a um estilo de vida saudável.

Mariana Thibes é socióloga e coordenadora do CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool. Possui doutorado em Sociologia pela USP e pós-doutorado em Ciências Sociais pela PUC-SP.