Álcool ingerido pela gestante atinge o feto e pode causar de malformações físicas a complicações graves. Entenda a síndrome alcoólica fetal
Conceição Aparecida de Mattos Segre* Publicado em 08/11/2022, às 06h00
A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) é uma doença causada pelas ações do álcool sobre o organismo fetal em desenvolvimento no ventre da mãe, sendo considerada atualmente a causa mais frequente de deficiência mental não congênita.
Infelizmente, a maior parte da população não sabe dos riscos do consumo de álcool durante a gravidez. Dados de 2017 indicam que a frequência do uso de álcool durante a gravidez foi estimada em 9,8% no mundo. No Brasil, o índice é maior, 15,2%.
O álcool ingerido pela gestante pode atingir o feto em diferentes graus de intensidade, provocando desde malformações da face e/ou de outros órgãos como o coração, rins, membros, distúrbios do desenvolvimento do cérebro, até a forma mais grave, ou seja, todas as malformações aparecem no mesmo indivíduo, que é conhecida como SAF.
Se os efeitos do álcool no feto se manifestarem com outros graus de intensidade, embora atingindo vários órgãos, denomina-se “desordens dos efeitos do álcool sobre o feto” ou, na sigla em inglês FASD (fetal alcohol spectrum disordres).
Estima-se que a frequência de SAF entre crianças e jovens na população geral ultrapassa 1% em 76 países, incluindo o Brasil. Para reduzir estes índices é imprescindível a prevenção, ou seja, que as mulheres grávidas ou que desejam engravidar não bebam álcool, em qualquer quantidade e em qualquer fase da gestação. A única opção disponível é a prevenção.
O diagnóstico de SAF não é fácil e precisa ser o mais precoce possível. As alterações faciais vão esmaecendo com o passar dos anos e as equipes de saúde nem sempre estão preparadas para identificar os casos. O diagnóstico é, portanto, clínico e baseado na história materna de alcoolismo, o que nem sempre é facilmente obtido.
Embora não exista cura para a SAF, o que está disponível é o tratamento multidisciplinar. Como são diversos os transtornos causados pela SAF, o tratamento inclui diversos profissionais da saúde além de pediatras e enfermeiros, como neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos entre outros tornando, portanto, os custos com tratamento de um indivíduo afetado muito caros.
Portanto, lembre-se: a SAF é 100% evitável! Basta abster-se do consumo de álcool durante a gravidez e a lactação. Gravidez sem álcool!
* Conceição Aparecida de Mattos Segre é Livre Docente em Pediatria Neonatal e membro do Núcleo de Estudos dos Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-nascido (SAF) da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
