Especialista em neuroliderança, Cinthia Martins Babler orienta líderes sobre adaptação às novas exigências em saúde emocional
Redação Publicado em 15/04/2025, às 06h00
A partir de maio de 2025, todas as empresas brasileiras deverão adotar medidas específicas para promover a saúde mental dos colaboradores. Essa obrigatoriedade decorre da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que passa a incluir a avaliação de riscos psicossociais na gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST).
O Brasil é o 4º país mais estressado do mundo, e os afastamentos por transtornos mentais cresceram mais de 400% nos últimos anos. No primeiro semestre de 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou quase 14 milhões de atendimentos psicológicos, evidenciando uma crescente demanda por suporte emocional.
Para Cinthia Martins Babler, especialista em neuroliderança e diretora-geral da MH Consult, a pressão no ambiente corporativo é um dos principais fatores que contribuem para esse cenário. "A inclusão da saúde mental como risco ocupacional é um avanço significativo. Agora, as empresas precisam ir além do reconhecimento e atuar de forma preventiva, garantindo um ambiente de trabalho psicologicamente seguro."
A NR-1 revisada exige que as organizações implementem estratégias eficazes para mitigar fatores de risco como estresse excessivo, assédio e sobrecarga psicológica. Segundo Babler, o papel dos líderes é crucial nesse processo. "Os gestores precisam desenvolver inteligência emocional para criar um ambiente de confiança, onde os colaboradores se sintam confortáveis para expressar suas preocupações e buscar apoio sem medo de retaliação."
A especialista ainda destaca que o mercado já reflete essa mudança. Estudos indicam que profissionais de alto desempenho estão priorizando qualidade de vida em detrimento de altos salários. "Empresas que negligenciarem essa tendência correm o risco de perder talentos e enfrentar desafios na retenção de profissionais qualificados."
Para atender às novas exigências, Babler recomenda investimentos em programas de capacitação para líderes, voltados ao desenvolvimento de habilidades emocionais e comportamentais. "A neuroliderança oferece ferramentas valiosas para que gestores compreendam melhor o funcionamento do cérebro humano, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo."
Mais do que uma exigência legal, essa mudança representa uma oportunidade para as empresas fortalecerem sua cultura organizacional e melhorarem o engajamento dos colaboradores. "Ao priorizar a saúde emocional, as organizações se destacam como exemplos de gestão inovadora, comprometida com a sustentabilidade da saúde de suas pessoas, gerando impactos positivos na produtividade, no bem-estar geral e na sociedade como um todo", conclui Babler.