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Pais ainda têm pouco conhecimento sobre miopia em crianças, indica levantamento

Pesquisa revela que falta de informação pode atrasar diagnóstico e controle do distúrbio visual. Miopia cresce em ritmo acelerado no mundo

Redação Publicado em 13/09/2025, às 06h00

Casos de miopia estão aumentando - pexels
Casos de miopia estão aumentando - pexels

A miopia, distúrbio visual que dificulta enxergar objetos à distância, vem aumentando em ritmo acelerado no mundo, atingindo crianças cada vez mais cedo. Segundo projeções, até as próximas décadas, cerca de 1 bilhão de pessoas poderão ser afetadas pela condição. Apesar dessa tendência, muitos pais ainda não possuem informações básicas que poderiam influenciar o diagnóstico precoce e o manejo adequado do problema.

Um levantamento realizado pela Ipsos a pedido da marca francesa de lentes EssilorLuxottica, em seis países incluindo o Brasil, mostrou que quatro em cada dez pais não conseguiam definir corretamente o que é a miopia. Mais da metade não sabia que quanto mais cedo a condição se manifesta, mais rápido ela progride. Além disso, a maioria desconhecia que a exposição à luz natural é um fator protetor importante para o desenvolvimento da visão. No Brasil, 47% dos pais entrevistados não souberam explicar corretamente o que é miopia, e 53% ignoravam que a progressão é mais rápida quando o distúrbio surge em idades menores.

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O médico oftalmologista Marcelo Taveira, especialista em cirurgia refrativa, que atua em Brasília e é membro da Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa (ABCCR) e da InternationalSocietyofRefractiveSurgery, alerta para os riscos da falta de informação. “A miopia não é apenas um problema de visão; quando não acompanhada, pode evoluir rapidamente e aumentar o risco de complicações sérias no futuro, como descolamento de retina e glaucoma. Identificar cedo é fundamental para prevenir a progressão e proteger a saúde ocular da criança”, afirma.

Segundo o especialista, a rotina moderna das crianças contribui para o crescimento da miopia. “O excesso de tempo em frente a telas, seja computador, tablet ou celular, combinado com a redução da exposição à luz natural, tem impacto direto no desenvolvimento visual. Atividades ao ar livre e intervalos regulares durante o estudo ou uso de eletrônicos podem ajudar a reduzir a velocidade de progressão do distúrbio”, explica Marcelo Taveira.

O acompanhamento oftalmológico regular é outra medida essencial. Consultas periódicas permitem avaliar o grau de miopia e indicar métodos de controle, que vão desde ajustes de lentes corretivas até tratamentos mais específicos para reduzir a progressão, como lentes de contato especiais ou medicamentos tópicos em alguns casos. “Muitos pais desconhecem essas alternativas e acabam tratando a miopia apenas como uma necessidade de óculos, sem perceber que é possível atuar de forma preventiva”, reforça o oftalmologista.

Além do impacto físico, a falta de conhecimento sobre a miopia pode afetar o desempenho escolar e a autoestima das crianças. Dificuldades para enxergar o quadro, a lousa ou materiais de estudo podem prejudicar a aprendizagem, e crianças que se sentem diferentes por precisarem de óculos podem desenvolver inseguranças. “É um erro comum pensar que a miopia é apenas um problema de visão; ela interfere no dia a dia, na socialização e no rendimento escolar. O diagnóstico precoce faz toda a diferença”, observa Marcelo Taveira.

Os resultados da pesquisa apontam a necessidade de campanhas de conscientização voltadas para os pais, professores e cuidadores. Informações simples, como a importância de consultas regulares ao oftalmologista, estímulo a atividades ao ar livre e atenção aos sinais de dificuldade visual, podem transformar o panorama da saúde ocular infantil. “Educar os pais sobre a miopia é tão importante quanto tratar a condição. Quanto mais cedo acriança for acompanhada, maiores as chances de manter a visão saudável e reduzir complicações futuras”, conclui o especialista.

Diante do aumento da miopia em crianças, o alerta dos especialistas é claro: observar sinais de dificuldade visual, incentivar hábitos saudáveis para os olhos e procurar orientação médica adequada são passos essenciais para evitar que o distúrbio se torne um problema grave ao longo da vida.