Psicólogo explica que independentemente da fase do ano, investir em saúde mental é estabelecer equilíbrio entre demandas do mundo interior e exterior
Redação Publicado em 16/02/2024, às 06h00
O chamado “Janeiro branco”, mês dedicado aos cuidados com a saúde mental, terminou. Porém, o auto cuidado e a autoconsciência permanecem como algo necessário para qualquer um, em qualquer época do ano. A manutenção da saúde mental é uma jornada contínua, que requer dedicação, consciência e uma abordagem integrada.
Segundo Danilo Suassuna, doutor em psicologia e diretor do Instituto Suassuna, que oferece pós graduação e forma psicólogos atuantes, ao cultivar o autoconhecimento, viver autenticamente, nutrir relações interpessoais saudáveis, desenvolver resiliência e praticar a atenção plena, cada um de nós se equipa para viver uma vida mais plena e equilibrada. “Essas práticas não apenas beneficiam o indivíduo, mas também têm um efeito positivo nas comunidades e na sociedade como um todo, promovendo um bem-estar coletivo e uma cultura de cuidado e empatia”, diz.
Ele explica que cuidar de si mesmo não é um ato isolado, mas uma prática que reverbera inclusive em nossas interações sociais. “Ao dedicar tempo para reflexão interior, autocuidado e apreciação das próprias experiências e sentimentos, cultivamos um terreno fértil para relações mais genuínas e profundas. Isto não significa se fechar para o mundo externo, mas estabelecer um equilíbrio saudável entre o mundo interior e as demandas e relações externas”, afirma.
O doutor em psicologia reforça que esse equilíbrio não apenas enriquece a jornada individual, mas também fortalece os laços com a comunidade, criando um ciclo virtuoso de bem-estar e empatia. “A arte de cuidar de si não exclui o outro; pelo contrário, estabelece as bases para relações mais autênticas e significativas. Quando estamos em harmonia com nosso self, somos mais capazes de estabelecer conexões autênticas com os outros, pois oferecemos a versão mais verdadeira e integral de nós mesmos”, analisa.
Para o Dr. Danilo Suassuna, manter a saúde mental é um desafio contínuo, que se torna ainda mais complexo diante das adversidades e turbulências inerentes à vida. “A busca por equilíbrio mental requer uma abordagem holística e multifacetada, integrando práticas de autocuidado, estratégias psicológicas e filosóficas. Neste contexto, as contribuições dos filósofos humanistas fornecem uma base sólida para a compreensão da complexidade da condição humana e oferecem valiosas orientações para a promoção da saúde mental”, diz.
Confira algumas destas contribuições analisadas pelo Dr. Danilo Suassuna:
1. Autoconhecimento e Reflexão Interior (Sócrates e Carl Rogers) - A máxima socrática "Conhece-te a ti mesmo" é fundamental para a saúde mental. Segundo o Dr. Danilo Suassuna, a introspecção e a autopercepção são elementos chave para entender nossos pensamentos, emoções e comportamentos. “Carl Rogers, um proeminente psicólogo humanista, enfatizou a importância da auto aceitação e do desenvolvimento do self. O autoconhecimento permite uma maior congruência entre nossos valores internos e nossas ações externas, facilitando um estado de harmonia e bem-estar”.
2. Aceitação e Autenticidade (Jean-Paul Sartre e Abraham Maslow) - Jean-Paul Sartre destacou a liberdade individual e a responsabilidade pessoal em dar significado à própria vida. “Essa perspectiva ressalta a importância de viver autenticamente e fazer escolhas alinhadas com nossos valores e crenças pessoais. Abraham Maslow, por sua vez, introduziu a hierarquia das necessidades, enfatizando a importância da autorrealização e da busca pelo potencial individual máximo. A aceitação de si mesmo e a autenticidade são fundamentais para o bem-estar psicológico, proporcionando um senso de propósito e direção”, analisa o psicólogo.
3. Relações Interpessoais e Empatia (Martin Buber e Carl Rogers) - Martin Buber, com sua filosofia do diálogo, destacou a importância das relações interpessoais e do encontro genuíno entre as pessoas. Carl Rogers, através de sua abordagem centrada na pessoa, também enfatizou a importância da empatia, da escuta ativa e da aceitação incondicional nas relações humanas. “Relações interpessoais saudáveis, baseadas no respeito mútuo e na compreensão, são essenciais para a saúde mental, oferecendo suporte, validação e um sentido de pertencimento”, diz o especialista.
4. Resiliência e Flexibilidade Cognitiva (Friedrich Nietzsche e Albert Ellis) - Friedrich Nietzsche promoveu a ideia de que o sofrimento e as dificuldades são aspectos inevitáveis da vida, mas podem ser fontes de crescimento e fortalecimento. A resiliência, entendida como a capacidade de se adaptar e se recuperar diante das adversidades, é crucial para a saúde mental. Albert Ellis, com sua Terapia Racional Emotiva Comportamental, enfatizou a importância da flexibilidade cognitiva e do questionamento de crenças irracionais. “A capacidade de adaptar pensamentos e comportamentos diante de situações desafiadoras é fundamental para manter o equilíbrio mental”, avalia o doutor em Psicologia.
5. Atenção Plena e Consciência Presente (Mindfulness)- Finalmente, a prática da atenção plena, inspirada em tradições orientais e integrada à psicologia moderna, promove a consciência do momento presente e a aceitação não julgadora da experiência atual. “Essa prática auxilia na regulação das emoções, na redução do estresse e na promoção do bem-estar geral. A atenção plena nos permite desconectar de preocupações passadas ou futuras e nos engajar plenamente na experiência atual”, orienta.