Identificada na década de 1980, a infecção HTLV ainda é um desafio considerável para a comunidade científica
Redação Publicado em 26/04/2024, às 06h00
O vírus HTLV, sigla para Vírus Linfotrópico de Células T Humanas, é um retrovírus conhecido, assim como o HIV, por infectar células do sistema imunológico humano.
Embora identificado na década de 1980, ainda é um desafio considerável para a comunidade científica, por sua prevalência global. No contexto brasileiro, há indícios de que o país possa liderar em quantidade de casos em escala mundial.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil, entre 800 mil e 2,5 milhões de pessoas vivem com o vírus. Cerca de 5% e 10% das pessoas infectadas podem manifestar doenças graves, como mielopatia, doença neurológica degenerativa grave ou leucemia das células T, um câncer agressivo que pode ser fatal.
“Esse vírus pode ser transmitido de várias maneiras, como por meio de relações sexuais desprotegidas, transfusões de sangue contaminado, compartilhamento de agulhas infectadas e da mãe para o filho durante a gestação, parto e amamentação”, afirma a Dra. Camille Risegato, ginecologista da Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR).
O controle da disseminação do HTLV envolve práticas de prevenção, como o uso de preservativos e o descarte seguro de material médico, além da realização de testes de triagem em doadores de sangue e transplantes de órgãos.
No intuito de minimizar a transmissão vertical, que ocorre de mãe para filho, o Ministério da Saúde, incluiu em sua política o exame para HTLV durante o pré natal e a notificação nacional da doença. Assim, quando a infecção for diagnosticada, a mãe será orientada a não amamentar, e será oferecido pelo SUS fórmula artificial para esses bebês.
“Atualmente, não há cura. O foco está em tratar os sintomas e complicações decorrentes das doenças associadas ao vírus”, diz a ginecologista. “Por isso, é importante manter os padrões de uma saúde equilibrada, se prevenir e ressaltar que mais pesquisas são necessárias para desenvolver terapias direcionadas ao próprio vírus”, finaliza a ginecologista da AMCR.
Sobre a Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR)
AMCR – Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil – é uma organização formada apenas por mulheres, pós-graduadas da área da saúde e reprodução humana, que compartilham o mesmo propósito: disseminar o conhecimento científico em ginecologia e reprodução humana, através de uma comunicação clara e acessível à todas as mulheres, além de lutar pela igualdade de oportunidade entre gêneros, reconhecimento e valorização da atuação das mulheres da ciência em saúde feminina. A associação foi fundada em março de 2021, pela Prof. Dra. Marise Samama. Atualmente possui 49 associadas, distribuídas em todas as regiões do Brasil. Para saber mais informações, acesse o site.