Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia indicam que o número de pacientes com doença renal no Brasil dobrou na última década
Redação Publicado em 26/01/2023, às 06h00
A doença renal crônica é um importante problema de saúde pública que afeta milhares de pacientes em todo o país. Caracterizada pela perda progressiva e irreversível da função dos rins, a doença requer, como parte do tratamento a hemodiálise.
O procedimento consiste na colocação de um acesso venoso em local de fluxo sanguíneo elevado. O sangue é então depurado em uma máquina e devolvido ao corpo. O tempo e a quantidade de sessões por semana dependem do estadiamento da doença renal crônica.
A doença renal crônica é mais frequente em pacientes hipertensos, diabéticos, que usam anti-inflamatórios não hormonais indiscriminadamente ou com histórico familiar de insuficiência renal.
O uso de cateter como acesso venoso é o mais comum, mas também o que apresenta mais problemas. Estudo conduzido por profissionais de enfermagem, publicado na Revista da Escola de Enfermagem da USP¹, apontou que 100% dos eventos adversos relacionados à hemodiálise são de cateter obstruído por coágulo sanguíneo. As complicações envolvendo o cateter podem ser graves e prejudicar o tratamento do paciente.
Outro problema frequente é a retirada acidental da agulha do acesso venoso, que pode causar até a morte do paciente. Levando-se em conta que, segundo a OMS, há 133 mil pessoas no mundo que precisam de diálise -- aumento de 33% em 10 anos -- e esse número deve triplicar até 2030, é preciso buscar formas de melhorar a via de acesso do tratamento.
Segundo o cirurgião vascular Dr. Caio Focássio, Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular da capital paulista, isso é possível por meio de uma técnica endovascular que pode aumentar a expectativa e a qualidade de vida do paciente.
É uma técnica em cortes, sem fissura, que mantém a fístola, que é o nosso acesso, ativa”, explica.
Dr. Caio conta que a cirurgia endovascular conecta a veia e a artéria, construindo a fístola com a própria veia ou com uma prótese, geralmente no braço do paciente. “Em dois anos a fístola pode fechar, mas há técnicas para mantê-la aberta por mais tempo”, diz o médico.
“Com as técnicas endovasculares, é possível triplicar a vida útil, assistindo esse acesso periodicamente e mantendo a fístola ativa com consultas regulares ao médico vascular”, conclui Dr. Caio.
Referências:
¹ Sousa, Maiana Regina Gomes de, Silva, Ana Elisa Bauer de Camargo, Bezerra, Ana Lúcia Queiroz, Freitas, Juliana Santana de, & Miasso, Adriana Inocenti. (2013). Eventos adversos em hemodiálise: relatos de profissionais de enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 47(1), 76-83.