Mariana Kotscho
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Dia Internacional de Luta contra a Endometriose: entenda a importância do diagnóstico

A ginecologista e obstetra Dra. Karen Morelli explica porque a endometriose tem comprometido cada vez mais mulheres

Redação Publicado em 07/05/2023, às 06h00

A endometriose pode aparecer em qualquer fase da idade reprodutiva e tem tratamento
A endometriose pode aparecer em qualquer fase da idade reprodutiva e tem tratamento

Celebrado anualmente em 7 de maio, o Dia Internacional de Luta contra a Endometriose tem como objetivo conscientizar a população sobre os vários aspectos da doença. Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, a endometriose afeta uma a cada dez mulheres entre 25 e 35 anos. São aproximadamente oito milhões de pessoas que precisam lidar diariamente com os desafios da enfermidade.

A ginecologista e obstetra Dra. Karen Morelli explica que devido às mudanças de comportamento entre as gerações, a endometriose se tornou uma doença com comprometimento populacional de caráter crescente. “As mulheres passaram a ter menos filhos e quando optam por tê-los, isso ocorre em uma idade mais avançada, logo, ocorrem mais ciclos menstruais ao longo dos anos. Assim, esses ciclos menstruais e as questões inflamatórias relacionadas a esse processo, junto a hábitos e estilo de vida, propiciam o quadro”

A especialista também alerta que com o passar do tempo a sociedade tem consumido consideravelmente mais açúcar, além de alimentos inflamatórios e alergênicos que possuem agentes capazes de desenvolver reações inflamatórias, oxidativas e autoimunes. “Contudo, é importante destacar que embora existam possíveis causas e o assunto continue sendo amplamente estudado, não é possível apontar uma origem definitiva para o problema.”

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Diagnóstico e tratamento

​Morelli comenta ainda que a evolução da doença, na maioria das vezes, não é grave, mas provoca reações exacerbadas. “A cada ciclo menstrual, o tecido endometrial implantado em outras regiões abdominais – sobretudo nos ovários, trompas, superfície externa do útero e na área entre a vagina e o reto – também sangra, provocando sintomas incômodos e, algumas vezes, incapacitantes.”

​Geralmente, a dor é o sinal mais reconhecido e o que leva as mulheres a procurarem um diagnóstico, mas Dra. Karen explica que também existem algumas outras manifestações, como a associação com depressão leve. “Cenário que demanda um adequado acompanhamento profissional, para que haja maior atenção aos detalhes e consequentemente um diagnóstico assertivo e tratamento imediato.”

​Por se tratar de um quadro inflamatório e com predominância do hormônio estrogênio, a especialista comenta que as bases do tratamento costumam ser as terapias anti-inflamatórias, como a adoção de uma alimentação antioxidante e a prática de exercícios físicos que aumentam endorfinas, além da suplementação que combata oxidação, radicais livres e desinflamação. “A reposição de progesterona, para alcançar um equilíbrio hormonal, também faz parte do controle da doença.”

Endometriose não é um quadro apenas ginecológico

​Ainda no que diz respeito à questão hormonal, Dra. Karen explica que a abordagem pode ser realizada de modos diferentes. “Seja através do bloqueio de todo o eixo hormonal ovariano (tratamento sistêmico), ou então, bloqueando localmente o endométrio com um implante. O propósito aqui é causar menos sangramento, pois, dessa forma, haverá menos inflamação e mais controle, conforto e estabilidade da doença.”

​Diante desse cenário, a ginecologista e obstetra destaca que a visão holística é fundamental para que o tratamento seja o mais completo possível, já que a endometriose não se trata apenas de um quadro ginecológico, mas sistêmico.

A minha principal indicação é que todas as mulheres possam e consigam cada vez mais elevar o conhecimento sobre si mesmas, pois é através desse conhecimento que surge a liberdade. Afinal, entender o próprio metabolismo e as fases do seu corpo faz com que a saúde e a qualidade de vida sempre prevaleçam”, diz Dra. Karen.