Principal causa de morte entre os pacientes soropositivos, a doença pode ser diagnosticada por meio do exame IGRA, trazido ao Brasil pela QIAGEN
Redação Publicado em 01/12/2023, às 06h00
Marcado por uma série de campanhas que visam conscientizar e combater a AIDS, o dezembro vermelho traz também um alerta sobre as infecções pela tuberculose, a principal causa de morte entre os pacientes soropositivos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Com 30 vezes mais chances de contrair a doença quando comparados às pessoas que não possuem a condição, os pacientes com HIV estão entre os grupos de risco que devem realizar o exame IGRA, que detecta a tuberculose em sua fase latente, ou seja, ainda sem sintomas.
De acordo com Raphael Oliveira, Gerente de Marketing Regional LATAM para Diagnósticos Moleculares da QIAGEN, a pandemia foi responsável por um retrocesso significativo no que diz respeito ao diagnóstico, tratamento e prevenção da tuberculose, portanto, o cenário é de atenção, especialmente para esses pacientes infectados pelo HIV.
“No Brasil, o índice de coinfecção tuberculose e HIV é de quase 10%, segundo o Ministério da Saúde. Por isso, a OMS passou a recomendar a busca sistemática dos casos de tuberculose, mesmo que a doença ainda não tenha apresentado sintomas, pois é uma das maneiras mais efetivas de conter essa transmissão e erradicar suas ocorrências. Somente em 2022, de acordo com a OMS, de 1,3 milhão de pessoas que morreram por tuberculose, 167 mil eram portadores de HIV”, alerta o executivo.
Como é o teste de tuberculose do SUS
Conhecido como QuantiFERON-TB Gold Plus, para realizar o teste IGRA do SUS, disponível também em unidades de saúde privada, o sangue do paciente é coletado em quatro tubos e levado para análises laboratoriais que levam até 24h para dar o resultado, com alto potencial de precisão.
Anteriormente, o SUS oferecia apenas o PPD, onde se aplica uma injeção administrada de forma subcutânea, e a reação do organismo é observada dentro do período de até 72 horas após a aplicação, formando uma espécie de caroço que deve ser medido na régua. Se for formada qualquer reação superior a 5 mm, o exame é considerado positivo — mas o paciente precisa voltar ao hospital para as medições.
Ainda de acordo com Olivera, como o sistema imunológico do paciente que vive com o HIV pode estar comprometido, o resultado do PPD pode ser falso-negativo e a pessoa corre o risco de ter a doença ativada por desconhecer o seu estado.
“O Teste Tuberculínico, utilizando o PPD, é um diagnóstico que apresenta limitações de desempenho. Ele ainda é oferecido pelo SUS, porém, enfrenta frequentes problemas de desabastecimento, o que impacta a disponibilidade do exame para a população. Já o IGRA, ao apresentar um diagnóstico rápido e seguro, com a precisão de testes laboratoriais, está entre os mais recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para identificar a tuberculose em sua fase assintomática, quando a contaminação já existe, mas sem sintomas no indivíduo”, explica o executivo.
Quem tem direito ao teste IGRA
A testagem da Infecção Latente por Tuberculose (ILTB) é essencial para pessoas do grupo de risco, devido à fase inicial assintomática da doença, que pode durar muito tempo até que a imunidade do paciente seja afetada. No SUS, o IGRA está disponível para crianças maiores de dois anos e menores de dez, que tiveram contato com pessoas com tuberculose ativa, candidatos a transplantes de órgãos, pacientes com HIV e pessoas com doenças inflamatórias imuno mediadas, incluindo a psoríase, doença de crohn e artrite reumatoide.