Optometristas com curso superior podem fazer exames de vista e prescrever lentes corretivas em óticas
Jaime Oriol Miranda* Publicado em 11/11/2025, às 06h00

Cerca de 35 milhões de brasileiros enfrentam problemas visuais, com 35% da população nunca tendo realizado um exame de vista, o que destaca a urgência de iniciativas que melhorem o acesso ao cuidado ocular.
O envelhecimento da população e o aumento do uso de telas digitais, especialmente entre crianças, agravam a situação, com a previsão de que metade dos brasileiros necessitará de correção visual até os 40 anos.
A recente decisão do STF que permite optometristas a realizar exames e prescrever lentes em estabelecimentos ópticos em São Paulo visa aumentar o acesso ao diagnóstico e tratamento, complementando um sistema de saúde desigual e promovendo campanhas educativas para conscientização sobre a saúde ocular.
Sem dúvida, as questões relacionadas à saúde ocular no país são alarmantes, mediante avaliação do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), que estima que cerca de 35 milhões de brasileiros apresentam algum problema visual e 35% da população nunca realizou um exame de vista.
Além disso, outros fatores, como o envelhecimento da nossa população - que, segundo dados da Organização Mundial da saúde (OMS), deve dobrar até 2050, aumentando a incidência de problemas oculares -, e novos hábitos comportamentais, como uso excessivo de telas digitais, principalmente entre crianças para as quais a visão é responsável por 80% do aprendizado na infância, reforçam a necessidade urgente de valorizar iniciativas que facilitem o acesso e estimulem a adesão ao cuidado ocular.
Com estimativas de que, até os 40 anos, metade dos brasileiros precisa de algum tipo de correção visual, e com esse índice aumentando para mais de 85% após essa idade, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autoriza optometrista com curso superior a realizar, no Estado de São Paulo, exames de vista e prescrever lentes corretivas no ponto de venda óptico amplia, consideravelmente, o acesso da população ao diagnóstico sobre a necessidade de óculos ou lentes de contato, possibilitando que estabelecimentos qualificados possam oferecer um atendimento completo, reduzindo custos e tornando o processo mais acessível e ágil para a população.
Essa nova modalidade de atendimento, ainda pouco conhecida por grande parte dos brasileiros, chega para complementar um cenário socioeconômico desigual, no qual apenas 25% dos brasileiros possuem plano de saúde, enquanto os demais dependem do SUS, onde o tempo de espera para obter uma receita de óculos pode se estender, muitas vezes, por meses, abre novas possibilidades, que incluem facilidade de acesso e mobilidade ao facilitar receituário e produção de óculos e lentes em um mesmo local, na região de moradia ou trabalho.
Outro ponto importante a se destacar é a exigência da formação superior, qualificação e capacidade do optometrista que deve atender no estabelecimento óptico que, segundo o Conselho Brasileiro de Óptica e Optometria (CBOO), é o profissional responsável pela saúde visual primária, apto a realizar exames não invasivos para identificar e avaliar deficiências visuais, como miopia, astigmatismo e hipermetropia, entre outras, e prescrever óculos ou lentes de contato para as devidas correções.
A informação dessa capacitação também é fundamental para a população se conscientizar sobre as facilidades dessa nova modalidade, com a qual um problema ocular, muitas vezes postergado, pode ser resolvido de maneira rápida e segura em uma ótica de confiança.
Também acreditamos que o incremento de campanhas educacionais sobre a importância da realização de exames de vista regulares, em uma ação conjunta entre os órgãos governamentais e a iniciativa privada, assim como uma maior disseminação de serviços complementares, como o atendimento nas ópticas, possam reforçar o objetivo em comum do mercado óptico e dos profissionais de saúde para promover maior acesso à saúde visual e garantir que mais brasileiros possam cuidar da visão com novas alternativas, qualidade e segurança.
Afinal, cuidar e manter a capacidade visual deve ser um direito de todos e prioridade para uma melhor qualidade de vida, exigindo um novo olhar para essa importante questão.
*Jaime Oriol Miranda é presidente da rede LIVO Ótica
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