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Casos de AVC crescem 15% entre jovens: entenda os motivos

Dra. Renata Faria explica os motivos que contribuem para o aumento do AVC entre jovens e como prevenir essa condição

Redação Publicado em 22/04/2025, às 06h00

Importante identificar sinais de AVC - pexels
Importante identificar sinais de AVC - pexels

Tradicionalmente associado a idosos, o acidente vascular cerebral (AVC) tem atingido um novo grupo com frequência preocupante: os jovens adultos. Dados recentes indicam um aumento de 15% nos casos de AVC em pessoas com menos de 45 anos. A mudança no perfil das vítimas acende um alerta na comunidade médica e levanta uma pergunta importante: por que o AVC está atingindo cada vez mais os jovens?

Para entender esse cenário, conversamos com a Dra. Renata Faria, médica neurocirurgiã e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), que explica os fatores por trás do crescimento e orienta como prevenir esse tipo de ocorrência em pessoas ainda ativas e, muitas vezes, sem histórico de doenças neurológicas.

O que está provocando esse aumento entre os jovens?

De acordo com a Dra. Renata, o AVC em jovens é multifatorial. Mas alguns comportamentos da vida moderna estão entre os principais vilões.

“Estamos vendo um aumento significativo de fatores de risco como sedentarismo, alimentação ultraprocessada, obesidade, uso abusivo de álcool e cigarro, além de um crescimento importante de casos de hipertensão e diabetes em pessoas jovens”, explica.

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O estresse crônico e os distúrbios do sono também entram na lista de possíveis desencadeadores. A exposição prolongada a esses fatores pode causar lesões nos vasos sanguíneos e aumentar o risco de obstruções ou rompimentos — levando ao AVC isquêmico ou hemorrágico.

A automedicação e o uso indiscriminado de estimulantes

Outro ponto de atenção citado por Dra. Renata é o uso descontrolado de medicamentos e substâncias estimulantes, como drogas recreativas, anabolizantes e até certos tipos de pré-treinos.

“Muitos jovens consomem substâncias sem prescrição, que podem causar picos de pressão, arritmias e alterações na coagulação. Isso aumenta o risco de um evento vascular súbito e grave como o AVC”, alerta a neurocirurgiã.

Diagnóstico pode ser tardio em jovens

Como não é esperado que um jovem tenha AVC, muitos sintomas iniciais são subestimados ou confundidos com outros problemas menos graves.

“É fundamental conhecer os sinais: fraqueza em um lado do corpo, dificuldade para falar, perda de equilíbrio, visão turva ou dor de cabeça súbita e intensa. Ao menor sinal, procure imediatamente o pronto-socorro”, orienta a especialista.

Hábitos preventivos devem começar cedo

A Dra. Renata enfatiza a importância da prevenção desde a juventude.
“Cuidar da alimentação, manter uma rotina de exercícios, fazer check-ups regulares e evitar o excesso de álcool, cigarro e drogas recreativas são atitudes que salvam vidas — literalmente.”

Além disso, é importante que jovens com histórico familiar de doenças cardiovasculares ou neurológicas fiquem ainda mais atentos, mantendo o acompanhamento médico em dia.

Conclusão: o cérebro também precisa de cuidado desde cedo

O aumento nos casos de AVC entre jovens é um sinal claro de que a saúde neurológica não pode mais ser tratada como preocupação exclusiva da terceira idade.

“O cérebro jovem também adoece, especialmente quando exposto a um estilo de vida desequilibrado. A boa notícia é que, com prevenção e informação, podemos reduzir esse número”, finaliza Dra. Renata Faria.