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Falta de diagnóstico para neurodiversos favorece bullying

Especialista explica que com o diagnóstico, os responsáveis podem solicitar o acompanhamento para dar suporte ao desenvolvimento do estudante

Juliana Amorina* Publicado em 07/04/2024, às 06h00

O "Dia Mundial da Saúde" e o "Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola" foram instituídos no dia 7 de abril
O "Dia Mundial da Saúde" e o "Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola" foram instituídos no dia 7 de abril

No dia 7 de abril foi instituído o “Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola” e o “Dia Mundial da Saúde”, ambos ganharam espaço no calendário para nos fazer refletir sobre questões importantes para a vida pessoal ou em sociedade. E não há espaço que trespasse de forma tão significativa por todos esses assuntos que o ambiente escolar.

Esse ainda é o lugar onde desenvolvemos boa parte dos nossos hábitos, aprendemos a viver em sociedade e trabalhamos o lado cognitivo, físico e emocional. Também é nesse espaço onde vivenciamos conquistas, descobertas, momentos de alegria e também de decepções, frustrações, angústia e até raiva, pois são sentimentos naturais aos seres humanos. Saber reconhecer e lidar com essas sensações, nos ajuda a encontrar mecanismos para nos regularmos.

O mesmo acontece com quem descobre que apresenta um Transtorno Específico de Aprendizagem (TEAp), pois ao receber o diagnóstico, a pessoa ou os responsáveis pela criança podem contribuir para que sejam desenvolvidos meios para superar as dificuldades e entender que há caminhos alternativos para se alcançar os objetivos desejados.

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No caso do ambiente escolar, a parceria família-escola e a capacitação dos colaboradores e educadores passa a ser relevante para que o avanço aconteça. Veja que no relatório “Perfil do transtorno específico da aprendizagem no Brasil’, realizado pela Cisco, Instituto iT Mídia e Instituto ABCD, 80% dos responsáveis entrevistados afirmaram notar em seus filhos impacto emocional negativo em decorrência do TEAp, entre os relatos aparecem casos de tristeza, ansiedade e baixa autoestima.

Assim, acredito que uma rede de apoio bem consolidada é fundamental, bem como o diagnóstico no tempo certo. Sem ele, o estudante pode ser visto como desinteressado, caracterizado como lento ou mesmo recebendo outros adjetivos pejorativos que não condizem com a realidade. O melhor momento para notar isso, seria durante os anos iniciais do Ensino Fundamental, pois é nessa fase que os alunos começam a aprender a ler, calcular e a escrever, habilidades relacionadas respectivamente as principais TEAps: dislexia, discalculia e disortografia.

Outro ponto importante é que com o diagnóstico, os responsáveis podem solicitar o acompanhamento integral para dar suporte ao desenvolvimento do estudante, segundo a Lei nº 14.254, instituída em 30 de novembro de 2021. Esse olhar cuidadoso e atento pode evitar rotulações, atos de humilhação e discriminação, típicos em casos de bullying.

Sobre o Instituto ABCD O Instituto ABCD é uma organização social sem fins lucrativos que se dedica, desde 2009, a gerar, promover e divulgar conhecimentos que tenham impacto positivo na vida de brasileiros com dislexia e outros transtornos de aprendizagem, com o objetivo de garantir que todos tenham sucesso na escola, no trabalho e na vida.

*Juliana Amorina, diretora-presidente do Instituto ABCD