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A tecnologia favorece o bullying dentro das escolas?

Para mais de 80% dos educadores brasileiros, a violência é amparada pelo uso da tecnologia

Leo Fraiman* Publicado em 07/11/2023, às 06h00

Educadores consideram que os impactos da tecnologia no desenvolvimento do comportamento infantil e juvenil são negativos
Educadores consideram que os impactos da tecnologia no desenvolvimento do comportamento infantil e juvenil são negativos

O Dia Mundial de Combate ao Bullying, em 20 de outubro, faz desse mês uma oportunidade para intensificar a conscientização e a prevenção dessa forma de intimidação sistemática — muito presente entre crianças e jovens em idade escolar —, sem perder de vista que esse trabalho deve ser realizado ao longo de todos os meses do ano.

Em primeiro lugar, é importante definir o que é bullying, que configura qualquer ato de violência física ou psicológica, intencional e recorrente, praticado com o intuito de intimidação ou agressão, causando sofrimento à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Em um mundo cada vez mais conectado como o que vivemos, tais ações violentas são potencializadas com o uso de telas.

De acordo com o Estudo OPEE 2023 com educadores brasileiros: educando na era digital, que foi desenvolvido por nós, da OPEE Educação, e executado pela nossa parceira, a Mercare! Educação, para 80,87% dos educadores, o bullying e o cyberbullying são práticas favorecidas pela tecnologia.

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Essa constatação não busca vilanizar os avanços tecnológicos — há muitos ganhos no uso da tecnologia. Porém, considerando que o Brasil é um dos países cuja população passa mais tempo diante de telas do que fora delas todos os dias, precisamos urgentemente entender que se “em terra de cego quem tem olho é rei”, como diz o ditado, em tempos de tecnologia, quem tem humanidade se torna soberano sobre o seu destino.

A pesquisa que desenvolvemos revela, ainda, que os educadores consideram que os impactos da tecnologia no desenvolvimento do comportamento infantil e juvenil são mais negativos (67%) do que positivos (33%). Outro dado interessante é que 97,02% dos respondentes acreditam que as crianças e adolescentes usam a tecnologia de forma excessiva e sem acompanhamento familiar.

Muitas evidências robustas têm nos ensinado que, em uma era digital, o ser humano se torna o grande diferencial na educação. Ironicamente, quando tantas pessoas correm atrás de telas e de tecnologia, muitas vezes, às cegas ou com pouco embasamento científico de sua eficácia, isso não necessariamente se reflete em uma melhor performance dos estudantes. A tecnologia facilita muitos âmbitos da nossa vida, mas quando usada com precaução. É essencial incentivarmos a presença autêntica, treinar o foco no presente e nas pessoas, além de reaprender a ‘desligar’ e repousar a mente.

Portanto, a educação em tempos digitais não é sobre vigiar, punir ou controlar. É sobre cuidar, amar e proteger as crianças e jovens para que, a partir de relações humanas saudáveis e equilibradas, cresçam de forma integral e integrada.

*Por Leo Fraiman, psicoterapeuta, escritor, palestrante internacional e autor da metodologia OPEE