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Temperaturas extremas e o aumento do risco de pré-eclâmpsia nas gestantes

Atenção e monitoramento: prevenção e impactos da pré-eclâmpsia na gravidez

Dr. Leandro Gustavo de Oliveira* Publicado em 07/09/2024, às 06h00

Fazer pré-natal é fundamental
Fazer pré-natal é fundamental

A pré-eclâmpsia é um problema relacionado à pressão alta na gravidez que possui causas complexas. Alterações placentárias fazem com que a placenta produza fatores inflamatórios e antiangiogênicos que agridem os vasos sanguíneos de todo o corpo. A partir das lesões dos vasos sanguíneos as gestantes passam a ter pressão alta (140x90mmHg) e alterações em diversos órgãos, como fígado, rins, pulmões e até mesmo no cérebro.

A melhor forma de prevenir maiores complicações é mostrar que, embora algumas gestantes tenham mais riscos, qualquer uma pode ser acometida pela doença, e, por isso é importante que todas monitorem a pressão arterial em casa, e não apenas nas consultas de pré-natal, e pelo menos até 10 dias depois do parto.

É preciso que as gestantes sejam empoderadas para realizar o autocuidado. Elas precisam se monitorar e informar quando sentem que algo está errado. Tudo deve ser valorizado, como pressão alta, dor de cabeça, alterações visuais, dor de estômago e inchaço nas pernas, mãos e face, bem como o ganho de peso rápido.

Em relação as mudanças de temperatura, considerando principalmente o verão e o inverno, informações disponíveis até o momento são controversas. Há observações de que as baixas temperaturas se relacionam com o aumento dos casos de pré-eclâmpsia. Mas também há relatos de que o calor extenuante se relaciona com mais casos da doença.

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Ao observarmos o impacto da pré-eclâmpsia sobre mães e bebês, os locais que mais sofrem com a doença possuem alta temperatura, como África, Índia e também o Brasil. Assim, é possível que a baixa temperatura não seja fator de risco maior do que outras condições que predispõem à pré-eclâmpsia, como obesidade, hipertensão crônica, características étnicas, falta de atividade física, gravidez após os 35 anos, fertilização assistida, entre outros fatores. Entretanto, é fato que durante os dias mais frios há mais admissões hospitalares de gestantes com pré-eclâmpsia.

Um estudo realizado na população chinesa demonstrou que baixas temperaturas (9,1 °C de média) aumentaram o risco de internações por pré-eclâmpsia em mais de 60%. Ressalta-se que a temperatura era realmente muito baixa nesses casos. Ao interpretarmos essas informações é possível supor que, como a pré-eclâmpsia é uma doença que afeta os vasos sanguíneos e se caracteriza por aumento da pressão arterial, a ocorrência de casos de maior gravidade pode acontecer durante os dias mais frios, assim como outras doenças cardiovasculares.

Diante deste cenário, é importante reforçar que todas as gestantes podem desenvolver pré-eclâmpsia; mulheres com maior risco de desenvolver a doença devem fazer uso de ácido acetilsalicílico e carbonato de cálcio para sua prevenção.

As gestantes precisam se monitorar diariamente. Além disso, o problema precisa ser mais discutido, pois é a principal causa de morte materna e de bebês em nosso País. É preciso também envolver acompanhamento psicológico, pois há impacto importante sobre a saúde mental dos casais que passam pela pré-eclâmpsia. Por fim, mulheres que tiveram pré-eclâmpsia possuem mais chances de terem doenças cardiovasculares ao longo de suas vidas e precisam ser acompanhadas.

*Dr. Leandro Gustavo de Oliveira, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana