Nilo Frantz, especialista em reprodução humana, comenta como casais homoafetivos podem recorrer à fertilização in vitro para realizarem sonho
Redação* Publicado em 15/11/2023, às 06h00
A cantora Ludmilla e a esposa Brunna Gonçalves irão aumentar a família em breve. O casal iniciará o tratamento de fertilização in vitro em uma clínica de reprodução humana em Miami, nos Estados Unidos. Juntas há 6 anos, nunca esconderam a vontade de ser tornarem mães, porém, as agendas de compromissos limitavam a ideia. O assunto que ainda gera muitas dúvidas é de que forma casais homoafetivos podem realizar o sonho de terem um bebê que tenha as características dos dois pais ou das duas mães. As técnicas de medicina reprodutiva e as recentes resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) têm ajudado inúmeros casais na realização deste sonho.
“Uma dessas resoluções aconteceu no ano de 2021, em que foi permitido que familiares de até 4º possam doar seus gametas para ajudar no tratamento de um casal homoafetivo, desde que não incorra em consanguinidade”, afirma o Dr. Nilo Frantz, especialista em reprodução humana da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, em São Paulo.
O que é a fertilização in vitro?
O tratamento de reprodução assistida mais indicado para casais homoafetivos é a fertilização in vitro, conhecida como FIV. Porém, é necessário que o casal passe por um longo processo, já que o tratamento possui muitos detalhes.
“Para os casais formados por duas mulheres, como no caso da Ludmilla e da Brunna, o material genético masculino vem da doação de sêmen. No entanto, é preciso escolher qual das duas futuras mães vai doar os óvulos e carregar o embrião”, explica Frantz.
O especialista conta que também pode ser feita a gestação compartilhada, caso as mulheres não tenham problemas de infertilidade. Neste caso, uma das mulheres doaria os óvulos e a outra gestaria.
“Como a idade é um dos principais fatores que interferem na qualidade dos óvulos, é aconselhável que se opte pelo material genético da parceira mais jovem”, ressalta Frantz.
Não é apenas a mãe que doou os óvulos que poderá transmitir suas características ao filho, a mãe que gestou também conseguirá. De acordo com estudos, a epigenética ajuda nesta construção, ajudando no desenvolvimento e na formação do bebê desde o útero.
Já as etapas do procedimento ocorrem como em outras situações de fertilização in vitro, a mulher passa por uma estimulação ovariana, que ajuda com que ela possa liberar o maior número de óvulos, em seguida os óvulos são coletados para serem fecundados com os espermatozoides em laboratórios. Os espermatozoides podem ser usados do banco de sémen da clínica escolhida, ou então de um parente de até 4º de uma das duas.