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Medo simbólico de crescer pode despertar ansiedade na transição escolar

Entenda como a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental pode gerar inseguranças e como superá-las

Mariana Melhado* Publicado em 24/07/2025, às 06h00

A família tem papel fundamental na transição escolar - foto: Ruy Kitagawa
A família tem papel fundamental na transição escolar - foto: Ruy Kitagawa

A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental pode despertar, em muitas crianças, um medo simbólico de “crescer”, que acontece não apenas pelas mudanças práticas, como nova sala ou professores, mas pela sensação de que terão novas responsabilidades. Essa percepção gera insegurança, uma vez que traz a expectativa de um novo comportamento na próxima etapa escolar.

A construção social em torno do Ensino Fundamental, muitas vezes reforçada pelos adultos, pode gerar receio. Comentários como ‘agora acabou a brincadeira’ contribuem para a percepção de que o 1º ano será difícil e repleto de exigências, criando barreiras emocionais desde o início.

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Essa mudança de ciclo é um marco importante no percurso escolar. Contudo, para as crianças, é essencial que essa passagem preserve elementos que já eram vividos na fase anterior, como brincadeiras, acolhimento e escuta ativa, que devem ganhar novos contornos. 

Para isso, o papel da escola é decisivo. Promover uma transição gradual e respeitosa, que valorize a escuta dos alunos e o vínculo entre as equipes pedagógicas dos dois segmentos, é um dos pilares para que o processo ocorra de forma leve e significativa. A escola precisa acolher as angústias que surgem com a mudança. É natural que os alunos expressem medos e dúvidas, e esses sentimentos devem ser reconhecidos com empatia, nunca minimizados. 

Transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental pode despertar medo de “crescer”
Transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental pode despertar medo de “crescer” - Ruyk Kitagawa

Entre as práticas que ajudam a preparar emocionalmente os alunos, estão as trocas entre os próprios estudantes, como rodas de conversa e visitas às salas do 1º ano, que ajudam a diminuir a ansiedade e a criar familiaridade com o novo espaço.

Outro ponto central é o papel da família, que precisa ser reconhecido e envolvido nesse processo. Quando os responsáveis se sentem apoiados, conseguem sustentar emocionalmente a criança e transmitir tranquilidade sobre o que está por vir.

*Mariana Melhado é orientadora pedagógica da Educação Infantil e Ensino Fundamental I do Gracinha. Formada em Pedagogia pela PUC-SP e especialista em Didática na perspectiva da educação inclusiva, pelo Instituto Singularidades, e em Relações interpessoais na escola, pelo Instituto Vera Cruz.  

A Escola Gracinha é mantida pela Associação Pela Família, uma organização sem fins lucrativos, que alia tradição e inovação para formar estudantes críticos, criativos e conscientes. Da Educação Infantil ao Ensino Médio, valoriza o protagonismo, a colaboração e os aprendizados significativos, em uma comunidade acolhedora e comprometida com a construção de um mundo mais justo e sustentável.

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