Saiba como campeonatos estimulam habilidades essenciais como raciocínio lógico, trabalho em equipe e pensamento crítico.
Annelize de Farias Lenci* Publicado em 10/06/2025, às 06h00
A valorização do conhecimento, aliada a um espírito competitivo saudável, podem transformar o ambiente escolar em um espaço mais dinâmico, inspirador e alinhado com as demandas da educação contemporânea. E nesse contexto, os campeonatos estudantis surgem como uma das ferramentas eficazes para enriquecer a vivência escolar, promovendo o desenvolvimento intelectual, emocional e social dos estudantes no processo de ensino-aprendizagem.
Cada vez mais escolas em todo o país reconhecem nessas competições uma oportunidade de complementar a educação formal. Ao estimular o raciocínio lógico, o pensamento crítico e o trabalho em equipe, os campeonatos escolares contribuem para a formação de cidadãos mais preparados para desafios. O crescente número de participantes nesses campeonatos é uma prova disso: agora, em 2025, por exemplo, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), organizada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), registrou o maior número de escolas e municípios inscritos de sua história. Segundo o Instituto, a primeira fase da olimpíada receberá mais de 18 milhões de alunos de instituições públicas e privadas.
E qual é, de fato, o impacto dessas experiências na vida dos estudantes?
O Colégio Belo Futuro Internacional realizou um processo de social listening – ou escuta ativa – com alunos participantes de campeonatos de robótica, matemática, inglês e outras atividades extracurriculares. A iniciativa teve como objetivo compreender, por meio dos próprios estudantes, o resultado dessas experiências em sua formação. E as respostas revelaram os efeitos positivos das atividades. Entre os comentários dos estudantes estão: “Quando algo não dá certo, nós pedimos ajuda”: “Discutimos de vez em quando, mas logo nos entendemos para continuar o projeto”; “Eu gosto porque conhecemos muitas pessoas diferentes”; Depoimentos como esses mostram como o espírito colaborativo, o desenvolvimento socioemocional e a troca cultural estão entre os frutos colhidos por meio dessas competições.
Vale destacar, claro, que o papel da escola é essencial nesse processo. Não basta apenas inscrever alunos em campeonatos: é preciso oferecer suporte técnico, pedagógico e emocional, afirma o professor de robótica Usame Altintas, responsável pelo trabalho a frente das equipes de robótica. “Sempre existem alunos que demonstram pouca motivação para aprender e iniciativas como competições e projetos colaborativos transformam essa realidade. Os estudantes descobrem o poder da cooperação, percebem seu potencial e entendem até onde podem chegar por meio de ações educativas mais dinâmicas”, explica.
A família, por sua vez, também precisa apoiar os estudantes ao incentivar (sem pressionar), valorizar o esforço e celebrar cada conquista, ou não, dos filhos nessas competições. Os pais são peças fundamentais que podem - e devem - mostrar aos filhos sobre como se cultiva o respeito, a cooperação, o esforço e a capacidade de sonhar alto dentro deste tipo de atividade.
Mais do que resultados em rankings, os campeonatos estudantis promovem uma transformação no modo como os alunos se relacionam com o conhecimento. E promover essas vivências é também preparar crianças e jovens para a vida — com mais propósito, entusiasmo e consciência do valor da educação.
*Annelize de Farias Lenci é gestora escolar, está na área da educação há 31 anos, com MBA em Gestão de Pessoas pela USP e pós-graduada em gestão escolar pela UFSCAR . Atualmente, é diretora educacional do Colégio Belo Futuro Internacional, instituição reconhecida por integrar campeonatos escolares como uma estratégia inovadora de aprendizagem. Desde 2006, o colégio já recebeu mais de 25 condecorações em campeonatos nacionais e internacionais.
