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Como a cirurgia plástica pode evitar traumas com cicatrizes da infância

Recorrer a tratamentos de reparação vai além da questão estética e auxilia na saúde emocional da criança com cicatrizes

Fabio Nahas* Publicado em 24/10/2024, às 06h00

A cirurgia plástica reparadora pode ser indicada ainda na infância
A cirurgia plástica reparadora pode ser indicada ainda na infância

A infância é uma fase de descobertas e aprendizados importantes para o crescimento saudável, além da formação de habilidades físicas, cognitivas, emocionais e sociais. Mas muitas vezes, também acaba sendo um período que envolve riscos, como quedas e acidentes domésticos. Segundo pesquisa recente divulgada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, mais de 33 mil crianças menores de 10 anos foram internadas em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2023 devido a quedas.

Além do atendimento emergencial, que deve assegurar a saúde e a segurança da criança, uma preocupação pode surgir entre elas ou seus pais e responsáveis: a cicatriz. É aí que a cirurgia plástica assume papel importante durante o tratamento. Afinal, em alguns casos a cicatriz resultante de um acidente doméstico pode afetar diretamente a saúde emocional da criança, principalmente se estiver localizada em uma região muito exposta do corpo, como o rosto.

De acordo com o último censo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, cerca de 7% dos procedimentos realizados anualmente no país acontecem em crianças e adolescentes - ou seja, de um total de 1,7 milhão de operações, mais de 115 mil ocorrem em menores de 18 anos. Os motivos que levam pais e responsáveis a procurarem os cirurgiões plásticos podem ser variados, mas as quedas e os acidentes domésticos estão entre os principais.

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Além disso, o bullying que pode decorrer de cicatrizes mais extensas também é uma grande motivação para os pais buscarem o apoio dos profissionais da cirurgia plástica. Ainda que seja indiscutível que a culpa do bullying sofrido pela criança não é dela, mas sim de quem o realiza, crianças com cicatrizes muito expostas, como no rosto, podem ser alvo dessa mazela. Isso pode ter efeitos diretos no desenvolvimento de transtornos psicológicos, que impactam diretamente a interação social e desempenho escolar - grandes fatores de atenção durante a infância.


É possível realizar esse tipo de cirurgia pelo SUS?


No Brasil, é possível realizar algumas cirurgias reparadoras pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo e que atende a milhões de brasileiros em diversos serviços, inclusive nas cirurgias plásticas reparadoras. Para isso, é necessária uma indicação médica formal, comprovando que a criança deve passar pela cirurgia por estar com sua saúde física ou psicológica comprometida.


Tecnologia como principal aliada


A segurança da criança durante qualquer cirurgia é uma das principais preocupações para os pais, que naturalmente questionam se podem estar colocando seus filhos em risco. A boa notícia é que, atualmente, a medicina conta com avanços tecnológicos que oferecem uma segurança ainda maior. Hoje temos a integração de dispositivos que tornam as cirurgias mais seguras com o uso de aparelhos que permitem a avaliação precisa dos parâmetros durante a cirurgia.

O controle de complicações e resultados assume, com o auxílio dessas tecnologias, uma posição de prioridade no âmbito da cirurgia plástica, especialmente quando se trata de procedimentos realizados em crianças ou adolescentes. Assim, podemos proporcionar mais tranquilidade e confiança aos pais que optarem por este tipo de tratamento, responsável por desempenhar um papel fundamental na promoção de uma infância mais saudável e feliz.

*Fabio Nahas é cirurgião plástico, professor da Unifesp e Diretor Científico Internacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.