Muitos jovens estão fazendo uso do eletrônico sem saber sobre os perigos dessa prática
Milton Mussini* Publicado em 20/09/2022, às 06h00
O verdadeiro lobo disfarçado em pelo de cordeiro. O cigarro eletrônico, que chegou em alta no mercado em meados de 2009 com o marketing de ajudar a combater o tabagismo e fazer a pessoa parar de fumar o cigarro de tabaco, está na moda entre os jovens aqui no Brasil.
Mas o que é o cigarro eletrônico?
Esse aparelho nada mais é do que um vaporizador a bateria, que faz, através de uma resistência elétrica, aquecer o líquido alí colocado que vaporiza e gera uma grande quantidade de fumaça. Esse líquido é aromatizado, que de certa forma, “seduz” o usuário, mas vamos falar disso mais para frente.
Pequeno e com designer moderno, chama a atenção dos jovens, inclusive pelos nomes dado a esse aparelho, como E-Cigar, Vape, etc., tudo pensando em atrair essa geração tecnológica. Alguns fatores vêm fazendo cada vez mais jovens a usarem o vape, como por exemplo, o aroma da fumaça, por não deixar mal hálito na boca, não ter que jogar a bituca no chão, ser prático, pois pode ligar e desligar a hora que quiser e o principal, a falsa ideia de que não faz mal a saúde.
Pois bem, esse é o ponto chave: os malefícios à saúde do usuário. Fato esse, que levou a Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) a proibir a venda desse produto no Brasil, desde 2009, sim, desde 2009 é proibido a venda do VAPE no Brasil, sendo que recentemente a Agência Reguladora, RATIFICOU sua decisão anterior, mantendo a proibição da venda desse produto no país.
Mas então quais são os perigos do uso do VAPE para a nossa saúde? Uma vez que o cigarro convencional queima por combustão e elimina várias substâncias tóxicas, elimina alcatrão, monóxido de carbono e nicotina, o cigarro eletrônico vaporiza um líquido aromatizado contendo apenas nicotina e outras poucas substâncias, razão pela qual, os fabricantes do E-Cigar, falam que o equipamento não é prejudicial a saúde.
Ocorre que no Brasil, um dos receios da comunidade médica é que a popularização dos vaporizadores prejudique os avanços conquistados em relação ao percentual de fumantes: o país é considerado uma referência mundial no combate ao tabagismo. Em 1989, 35% da população fumava e hoje, o índice é de 9,3%.
Dentre as várias substâncias contidas na fórmula do líquido do VAPE, algumas desconhecidas, há a nicotina, que é uma substância psicoativa, ou seja, que age diretamente no Sistema Nervoso Central, causando dependência química, em maior quantidade do que a do cigarro de tabaco. Essa dosagem de nicotina varia de fabricante para fabricante, mas dentre as marcas pesquisadas, a com menos porcentagem é equivalente a fumar 8 cigarros comuns e a mais alta, a 18 cigarros.
A nicotina líquida, substância de alto poder viciante, foi motivo de estudo pelo Instituto Nacional do Câncer, o INCA, que revelou que o cigarro eletrônico possui substâncias tóxicas, podendo causar doenças respiratórias, como o enfisema pulmonar e a bronquite crônica, doenças cardiovasculares, dermatite e câncer.
Outros estudos apontam mais malefícios do uso do cigarro eletrônico, como por exemplo:
O mais preocupante, vem agora. Fora as doenças já conhecidas pela comunidade médica, suspeita-se que os usuários de cigarros eletrônicos também estão desenvolvendo uma doença nova e que pode levar à morte: a evali, em inglês, essa é a sigla para e-cigarette or vaping product use-associated lung injury (lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico, em tradução livre). Nos Estados Unidos, entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020, ocorreram 2,7 mil internações decorrentes dessa doença, onde dessas, 68 pacientes não resistiram e foram a óbito. No Brasil, a Anvisa registrou oito casos.
Hoje, segundo pesquisa realizada pela Forbes, um em cada cinco jovens, fazem uso do cigarro eletrônico, ou seja, 20% desse população. Já entre as crianças, esse número é alarmante, pois, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2019, 13,6% dos estudantes de 13 a 15 anos já experimentaram cigarro eletrônico e entre alunos de 16 a 17 anos, o índice é de 22,7%.
Portanto, devemos orientar nossos filhos sobre os perigos do uso desse equipamento, sem falar que o seu comércio no País é PROIBIDO.
Amem seus filhos e pratiquem esse amor diariamente!
*Milton Mussini é policial civil, especialista em prevenção às drogas, escritor e palestrante. www.miltonmussini.com.br