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Afegãos: mais que um abraço a quem nos pede ajuda

Mais de 6 mil refugiados afegãos entraram no Brasil entre o início de 2022 e meio de 2023

Denise Paludetto* Publicado em 21/09/2023, às 06h00

Muitos afegãos procuram refúgio após radicais tomarem poder do país - Foto: Reprodução / Facebook Aeroporto Internacional de Guarulhos (UOL)
Muitos afegãos procuram refúgio após radicais tomarem poder do país - Foto: Reprodução / Facebook Aeroporto Internacional de Guarulhos (UOL)

Em 2021, após décadas em conflito, os radicais do Talibã assumiram o poder no Afeganistão e fizeram com que grande parte da população fugisse de um regime que persegue, prende, tortura e mata todos os que considera infiéis. A violência continua e é também contra os direitos humanos, principalmente das mulheres e crianças. Um drama que provoca um grande movimento migratório. O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estima que cerca de 5,7 milhões de pessoas já deixaram o país ao centro da Ásia em busca de oportunidades em outras pátrias. E o que isso tem a ver conosco?

Um ano antes desse conflito eclodir, em 2020, o Brasil já reconhecia a grave situação e de lá para cá permite que os afegãos tenham entrada facilitada pelo reconhecimento da condição de refugiado. Ainda por aqui, a Portaria Interministerial n.24 de 2021 passou a garantir a entrada segura deles, apátridas e pessoas afetadas pelo regime Talibã. Dados atualizados pelo ACNUR,  mostram que mais de 6 mil afegãos entraram no país entre janeiro de 2022 e abril deste ano. Sinal de que aqui reside a esperança e o acolhimento, por um povo conhecido pela sua solidariedade.

Temos visto repetidamente no noticiário, afegãos desembarcarem no aeroporto de Guarulhos (SP) sem ter um local para se instalar e buscando uma nova vida,  um recomeço. Segundo a ACNUR e a Prefeitura de Guarulhos, desde o início do êxodo no Afeganistão, foram atendidas quase 4 mil pessoas no posto avançado de atendimento ao migrante, localizado no aeroporto. Em tempos de maior atenção com o respeito ao próximo, o que oferecer a esse público?

São muitas as demandas que vão desde moradia, regularização de documentos, aprendizado do português, até o encaminhamento profissional para que possam gerar renda e, de fato, iniciar suas novas vidas.

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Como vimos, é preciso mais do que um abraço e um prato de alimento. Um olhar atento, profissional e humanizado são fundamentais no acolhimento de quem chega ao nosso país pedindo abrigo.

Esse é o trabalho feito no Centro do Imigrante, um amplo espaço, mantido pelo Instituto Omni – braço do Grupo Omni&Co - no bairro do Brás, na capital paulista. A região é historicamente conhecida como ponto de encontro e moradia de imigrantes, com comércio forte e muita diversidade cultural.

O Centro do Imigrante recebe por dia cerca de 200 pessoas de mais de 47 nacionalidades e oferece ao recém-chegado diversos serviços, como: assistência social para entender e orientar cada pessoa e família, apoio jurídico documental, ensino de português e cestas de alimentos. O espaço conta também com um posto do Sebrae e são oferecidas oficinas de capacitação em diversos temas relacionados ao empreendedorismo.

Nosso objetivo é acolher essas pessoas, potencializar suas habilidades e desenvolver autonomia com protagonismo, para que a integração na sociedade brasileira seja fluida e potente, diz Tadeu Silva, presidente do Centro do Imigrante.

É um trabalho em rede, onde governo, empresas e sociedade civil se unem para atenuar o sofrimento e dar uma nova perspectiva para quem sonha com dias melhores. Quando falamos em integrar, existe muito mais a ser feito. Basta querer. De forma genuína.

O Instituto Omni atua em diversos projetos e parcerias com organizações voltados para o desenvolvimento social e impactou cerca de 42 mil pessoas somente em 2022. Signatário do Pacto Global das Nações Unidas (ONU), trabalha ativamente para que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS´s) tenham êxito na jornada da Agenda 2030.

*Denise Paludetto é diretora de Pessoas e Cultura do instituto Omni.