O que nossa saúde emocional revela sobre sucesso ou fracasso?

Bruno Corano, que mora nos Estados Unidos, traz uma reflexão sobre sucesso e fracasso ao longo da nossa vida

Bruno Corano* Publicado em 05/09/2024, às 06h00

O economista Bruno Corano -

Eu verdadeiramente acredito que todas as pessoas tem plenas chances de prosperar. Entretanto, chances não são garantias. Em outras palavras, depende tão somente delas.

Nesses 30 anos atuando como empresário, investidor e economista, comprando e vendendo empresas, e gerindo minhas próprias equipes, além de participar de estudos aqui em Columbia, NYU, Upenn (Universidade da Pensilvânia), fica explícito que a base de tudo são as competências emocionais.

Vou além, diria que a grande limitação atual é a saúde emocional das pessoas.

Muito se fala em inteligência emocional, mas hoje já se entende que isso é apenas uma vertente das competências emocionais.

 

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Na verdade, a base das competências está no desejo, no querer, no aspirar. Ninguém faz nada que não queira, e uma vida sem querer é chata, sem graça, triste e até mesmo deprimente.

Esse querer não necessariamente precisa ter relação com dinheiro ou negócios. Pode ser o desejo de cuidar de crianças carentes em um trabalho absolutamente pro bono.

Mas aqui, já que estamos falando de negócios e dinheiro, vamos levar a conversa para outro lado.

Ainda não conheci ninguém que tenha dito a mim que não se importa ou não queria ser rico, bonito, bem sucedido. Então poderíamos supor que todas essas pessoas têm o querer dentro delas, têm gana, vontade. Mas você já parou para observar que a maioria que fala que deseja uma coisa, não necessariamente, faz o que tem que ser feito para se chegar àquele objetivo.

Aí encontramos a primeira falha mais comum das competências emocionais, a coerência.

Não vejo nada de errado a pessoa dizer que deseja morar em uma barraca com um cacho de banana pendurado.

Mas, em geral, a maioria fala que quer vencer, mas não faz por verdadeiramente merecer.

Entrando na minha seara, trabalho com pessoas altamente qualificadas. 90% com mestrado, MBA ou doutorado. Na grande maioria experientes. Ou seja, elas se encaixariam 100% na descrição do início do meu texto. Todas as pessoas têm plenas chances de prosperar.

Entretanto, fico chocado: mesmo com tanta instrução, ainda assim, muitos ficam pelo caminho justamente por não terem as tais competências emocionais. E o pior, elas sequer conseguem enxergar.

Nesta última semana fomos obrigados a demitir duas pessoas, ambas com MBA em uma Ivy League. Motivo? Não apresentaram as competências emocionais e alinhamento de entendimento que são sagrados para se trabalhar em uma empresa como a nossa.

Em outras palavras não aguentaram a pressão, as críticas, as cobranças.

O mais curioso é que ambas tinham me respondido na entrevista de contratação que estariam dispostas a tudo, a pagar qualquer preço para darem certo.

Embora eu não deseje isso, tenho a sensação de que serão mais duas pessoas que cruzarei daqui a 10 anos, e que não terão saído do lugar. Continuaram tendo emprego. Mas ficaram sempre andando para os lados. Não para frente ou para cima.

Pior, esse tipo de gente sempre atribui a responsabilidade e a culpa a alguém ou algo. Nunca são elas.

Esse tema daria para escrever um livro, mas a mensagem que fica é: você realmente tem as competências emocionais básicas para vencer?

 

*Bruno Corano é economista e idealizador do evento Imigre America

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