Nos tornamos mães e começam os palpites e as cobranças. É importante aprender a lidar para filtrar que tipo de informação realmente interessa
Marianna Canova* Publicado em 29/11/2022, às 06h00
Com a grande quantidade de informações de que dispomos hoje, o grande desafio acaba sendo selecionar o que é realmente bom e verdadeiro. Somado à falta de tempo para pesquisar ou mesmo manter diálogos prolongados com quem é mais experiente, as mães se veem alvo de inúmeras cobranças.
Quero animar você sobre o mais importante: a construção da relação com seu filho. Falo como pedagoga e mãe quando digo que esse é o segredo da maternidade leve ainda que percorrida por vários desafios.
Uma dica importante é: quando você lê ou assiste a algo nas redes sociais, consegue determinar qual a qualidade dessa informação? Sabemos que a internet traz muitas tendências e novidades, o que pode ser bom, mas, muitas vezes, essa enxurrada de ideias nos angustia.
Infelizmente, algumas postagens trazem informações mais rasas que mais atrapalham do que ajudam, e o resultado é que permeiam a cabeça materna com construções do que “pode” ou “não pode”, sem fundamentos.
E então, o que devemos seguir ou escutar entre tantas vozes?
Quando falamos sobre o amor materno, precisamos pensar na nossa origem e nas relações construídas com a criança. O respeito à infância deve permear todas elas. É preciso entender que a construção da personalidade de um ser humano é baseada em relações - e isso faz toda a diferença.
Pensando na construção dos limites, das trocas e parcerias e confiança que são instituídas nessa relação, não canso de recomendar o estabelecimento de uma rotina, que é mesmo um grande desafio hoje. Afinal, nossas avós não precisavam se dividir entre ser mãe, trabalhar fora, ser boa esposa, estudante e ter amigos. Muitas vezes, o papel era unicamente cuidar dos filhos.
Hoje, a diversidade de papéis que encarnamos nos torna malabaristas, sempre tentando conciliar várias instâncias: levar e buscar o filho na escola, marcar médico, resolver inúmeras demandas de trabalho, e tudo isso acontece ao mesmo tempo. Pensar nos papéis que executamos e na qualidade deles é a grande chave para não apenas sobreviver, mas viver com leveza a maternidade.
Apesar de essa ser nossa meta, muitas vezes nos deparamos com raiva e frustração na lida diária com nossos filhos. Quando acontece comigo, busco lembrar que a criança não pode ter sua vida delegada a alguém ou colocada em segundo plano: ela precisa ter o respeito e cuidado que seus pais podem oferecer.
Mas é preciso equilibrar todas essas instâncias. Além disso, é importante treinar para receber informações novas com serenidade, sem o medo de estar “perdendo algo importante” ou com uma autocobrança que exige algo impossível: sermos perfeitas.
Coragem, porque o resultado será recompensador!
*Marianna Canova é mestre em Educação, pedagoga e diretora do Peixinho Dourado Berçário e Educação Infantil. Também é autora do livro “Maternidade Possível”, pela editora Inverso.
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