Como a atenção familiar durante a infância impacta a formação da personalidade
Márcia Chammas* Publicado em 24/08/2023, às 06h00
Chamamos infância o período que vai desde o nascimento até a puberdade. De acordo com diversos estudos já publicados, esta é a fase mais importante do desenvolvimento humano. A velocidade de sinapses (conexões) que acontecem no cérebro até os dois anos de idade é inigualável a qualquer outro período da vida. E, justamente por isso, é uma fase que merece toda a atenção da família, da escola e da sociedade de forma geral.
A interação da criança com o ambiente, nesta fase, se dá por meio de todos os órgãos do sentido: tato, visão, paladar, olfato e audição, bem como com as primeiras emoções. Isso garante o processamento de novas informações.
As experiências vividas na infância, portanto, estabelecem a base do nosso desenvolvimento cognitivo, psíquico e socioemocional, dando sustentação à aprendizagem ao longo de toda a vida. Elas impactam diretamente a formação da personalidade.
Por isso, é de extrema importância ter o conhecimento e um olhar atento ao tripé saúde física, saúde emocional e saúde intelectual. Com saúde física, estamos falando de boa alimentação, hidratação, atividades físicas e higiene do sono. A saúde emocional é alcançada por meio de acolhimento, proteção, afeto e criação de vínculos. Já para cuidar da saúde intelectual da criança, é preciso oferecer interações, estímulos e educação formal.
O conjunto de experiências, boas ou más, pelo qual uma criança passa impacta na formação de sua personalidade. Todos nós apresentamos, então, características ou padrões de comportamento que surgiram do que foi vivido no passado. Em função disso, é comum ouvirmos frases como “os adultos são uma extensão de quem foram e do que viveram quando criança”. Somos, mesmo!
Portanto, não é difícil chegar à conclusão de que é muito mais interessante e oportuno investir em cuidados nesta fase do desenvolvimento do que lutar contra problemas posteriores. Isso é comprovado, inclusive, por estudos recentes.
Mas, é preciso ressaltar que a formação da personalidade começa na infância, mas não é concluída nesse período. Ao longo da adolescência, temos novas oportunidades de ressignificar experiências vividas na infância, afinal é uma fase de grandes transformações nos âmbitos físico, cognitivo, psicológico, emocional e social. Nesse momento, os comportamentos infantis ficam para trás e os jovens começam a pensar em competências para assumir papéis de impacto na sociedade.
Mas, então, o que fazer para garantir o melhor desenvolvimento às nossas crianças?
A criança é um indivíduo que tem necessidades e direitos, alguém que se constrói por meio de interações e relações que vivencia em família e na comunidade. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, toda criança e adolescente tem direito à liberdade, ao respeito, à dignidade, à proteção contra violência física ou psicológica, à convivência familiar e comunitária, à educação, ao esporte, ao lazer e à profissionalização. Formar uma pessoa consiste, portanto, em levar em conta a singularidade de cada um, dialogando com seu conhecimento de mundo. Na prática, cuidados com aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais com as crianças são dever de todos!
*Márcia Chammas, psicopedagoga e orientadora educacional dos anos finais do Ensino Fundamental na Unidade Higienópolis do Colégio Rio Branco.
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