A importância das emoções na primeira infância e a atenção que os cuidadores devem ter
LUIZ SEVERO* Publicado em 01/10/2024, às 06h00
Quando uma criança é cercada de amor e cuidado, isso pode ter efeitos profundos e duradouros no seu desenvolvimento cerebral. Estudos científicos demonstram que um ambiente afetuoso e seguro promove um melhor funcionamento cognitivo, emocional e social ao longo da vida.
O córtex pré-frontal, uma das principais áreas do cérebro influenciadas pelo amor e cuidado, é responsável por funções executivas como pensamento crítico, autocontrole e regulação emocional. Pesquisas indicam que crianças que recebem amor e cuidado desenvolvem um córtex pré-frontal mais forte e eficiente, o que se traduz em melhores habilidades de tomada de decisão, resolução de problemas e controle de impulsos.
Além disso, o amor e o cuidado têm impacto na amígdala, uma região do cérebro crucial na resposta ao medo e ao estresse. Estudos mostram que crianças que crescem em ambientes afetuosos apresentam uma amígdala menos reativa ao estresse, o que as torna mais preparadas para enfrentar situações desafiadoras e mais resilientes emocionalmente.
O hipocampo, responsável pela memória e aprendizagem, também é afetado positivamente pelo amor e cuidado. Pesquisas revelam que crianças criadas em ambientes amorosos possuem um hipocampo mais desenvolvido, o que está associado a uma melhor capacidade de aprendizado, memória e habilidades cognitivas.
Além dos efeitos diretos no cérebro, o amor e o cuidado influenciam o desenvolvimento do sistema de vínculo e afeto da criança, essencial para seu bem-estar emocional e social. Quando a criança se sente amada e cuidada, ela desenvolve uma base segura para explorar o mundo, estabelecer relações saudáveis e lidar com as emoções de forma adequada.
A primeira infância, que compreende os primeiros seis anos de vida, é um período crucial para o desenvolvimento do cérebro, aquisição de movimentos, capacidade de aprendizado, e formação social e afetiva. Estudos indicam que quanto melhores forem as experiências e os estímulos recebidos nessa fase, maiores são as chances de a criança desenvolver todo o seu potencial. Esse período é especialmente sensível, pois é quando se formam as bases emocionais, afetivas e as áreas cerebrais fundamentais relacionadas à personalidade, caráter e capacidade de aprendizado.
*O neurocirurgião Luiz Severo é um dos médicos brasileiros de destaque no tratamento da dor e prepara o lançamento de seu primeiro livro “VOCÊ NÃO PRECISA SENTIR DOR”, no qual fala do estudo da dor ao longo da história da medicina e também explica as novas formas de tratamento na área. O livro será lançado no dia de setembro durante a 27ª Bienal do livro de São Paulo, no dia 10 de setembro, no estande da LiterareBooks.
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