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Podcast inspirado na série “Adolescência” revela o impacto devastador de ideologias impostas pelo universo digital

“Adolescência e o alerta vermelho digital”, reflete sobre a cultura incel e a necessidade da educação para lidar com o universo digital

Redação* Publicado em 12/06/2025, às 10h00

Depoimentos de jovens brasileiros reais revelam como a série reflete a realidade de muitos adolescentes - pexels
Depoimentos de jovens brasileiros reais revelam como a série reflete a realidade de muitos adolescentes - pexels

“Para mim a adolescência é uma fase difícil, mesmo com várias coisas positivas, é uma fase no qual os hormônios, as sensações, os sentimentos estão muito aflorados. Tudo para a gente é muito intenso, e como não conseguimos ainda controlar muito bem os nossos sentimentos - e o que a gente realmente sente - acabamos sentindo certa pressão sobre algumas coisas”.

Este é o depoimento de uma adolescente de 16 anos para o podcast documental “Adolescência e o alerta vermelho digital”, produção original da Ubook, inspirado na recente série da Netflix: "Adolescência". Em dois episódios, a série documental em áudio, que estreia no app e na plataforma dia 5 de junho, mostra os perigos a que os jovens estão expostos no que diz respeito à cultura incel, ao cibercrime, bullying digital e violência.

Com depoimento e análise da especialista Ana Clara Bacon, psicóloga cognitiva comportamental, o podcast releva também a urgência de uma educação digital, de apoio emocional e de políticas públicas que possam mitigar a vulnerabilidade dos jovens diante de ideologias perigosas, que impulsionam a violência e o isolamento.

“Adolescência e alerta vermelho digital” é uma produção original da Ubook que traz luz para um tema muito discutido hoje, para um debate social importante, com informações reais, parte da ficção para aterrizar no cotidiano alienante do mundo contemporâneo. Além disso, analisa como o Brasil vem olhando (e ignorando) os alertas e pedidos de socorro das novas gerações.

O primeiro episódio reflete sobre a disseminação silenciosa da cultura incel entre jovens, ao debater como discursos misóginos se disfarçam em conselhos sobre masculinidade e pertencimento. Por meio de análises, dados e depoimentos, a produção revela o impacto devastador dessas ideologias. Já no segundo episódio, o ouvinte pode compreender como a falha de proteção aos jovens pode ser devastadora. O episódio une estatísticas brasileiras reais à história de Jamie (personagem ficcional da série da Netflix) para demonstrar essa brecha e a necessidade urgente de políticas de prevenção e educação digital no país.

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Trechos:

“A adolescência é, antes de tudo, uma travessia. Um território instável entre o que se foi e o que ainda não se sabe ser. É uma fase marcada por descobertas intensas, contradições dolorosas e uma urgência silenciosa de pertencimento. O corpo muda, os vínculos se transformam e o mundo começa a se mostrar mais complexo, às vezes hostil, às vezes sedutor…compreender essa fase exige sensibilidade e escuta. Exige olhar com mais cuidado para o universo oferecido a quem está tentando se encontrar".

“No terceiro episódio da série da Netflix, ambientado sete meses após o crime, quando está num centro de reclusão à espera de julgamento, Jamie divide quase uma hora de cena com Erin Doherty, atriz que interpreta a psicóloga Bryony Ariston. No episódio, a psicóloga precisa averiguar o nível de compreensão do menino e as motivações do crime para entregar uma avaliação à justiça.  Além da investigação policial, a sessão com Bryony mostra que Jamie é um jovem inseguro, vulnerável à influência de figuras misóginas online, como Andrew Tate, e é alvo de bullying, sendo chamado de incel pela vítima do crime. Sua visão distorcida das mulheres fica clara em suas falas sobre Katie e em seu comportamento intimidatório com a psicóloga. Ana Clara Bacon faz uma análise de como fica evidente essa visão diante da postura de Bryony com Jamie".

Depoimentos:

“Sou Arthur, tenho 16 anos e a adolescência para mim é uma fase muito importante, uma fase de aprendizado, fase de transição entre a mentalidade infantil e adulta. É uma fase entre altos e baixos, uma fase complicada, mas muito boa de se viver”.

“Meu nome é Júlia e eu tenho 14 anos. A adolescência para mim é algo bom e ruim. Bom, pois a gente sai, se diverte com nossos amigos, compra coisas novas.  O ruim são as adversidades dessa fase, como ir para um colégio novo, como lidar com os nossos próprios sentimentos, saber quem eu realmente sou e outras adversidades da vida”.

Link para ouvir trecho:https://shre.ink/egTa

*Com edição de Marina Yazbek Dias Peres