O vício em tecnologia afeta a saúde mental e física e pais e educadores precisam estar atentos aos adolescentes
Redação Publicado em 09/11/2024, às 06h00
O uso excessivo de dispositivos eletrônicos entre adolescentes tem gerado preocupação entre pais e especialistas. A Dra. Nathalia Seminario Gabioneta, psiquiatra da infância e adolescência e colaboradora do Programa de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq-HC-FMUSP), ressalta que o uso descontrolado de tecnologia pode levar a prejuízos significativos na saúde mental e física dos jovens, afetando o desenvolvimento social e emocional.
Para a Dra. Nathalia, a tecnologia, embora útil, pode tornar-se prejudicial quando seu uso se torna compulsivo, interferindo em atividades essenciais como o sono, os estudos e as interações sociais. “O problema é que os adolescentes, em um momento de vulnerabilidade emocional e psicológica, podem buscar na tecnologia uma válvula de escape. As redes sociais, por exemplo, muitas vezes geram ansiedade e promovem uma busca constante por aprovação externa, o que é extremamente danoso para o desenvolvimento saudável”, explica.
1. Estabelecer Limites de Uso: Segundo a Dra. Nathalia, é essencial que pais e responsáveis definam horários específicos para o uso de dispositivos eletrônicos, especialmente durante a noite. O sono é crucial para o desenvolvimento mental e físico, e a exposição a telas antes de dormir interfere na qualidade do descanso.
2. Incentivar Atividades ao Ar Livre: Substituir o tempo na frente das telas por atividades ao ar livre, como esportes ou passeios, é uma maneira eficaz de reduzir a dependência tecnológica. Essas atividades ajudam a liberar endorfina, melhorando o humor e promovendo a interação social.
3. Praticar o “Desligue-se”: Criar momentos em família onde todos, inclusive os adultos, desligam seus dispositivos. “Essa prática reforça o valor das conexões reais e ajuda o adolescente a perceber que a vida não precisa ser mediada por uma tela”, afirma a Dra. Nathalia.
4. Promover o Diálogo: Conversar abertamente sobre os riscos do uso excessivo de tecnologia e as consequências que isso traz para a saúde é essencial. A Dra. Nathalia aconselha que pais e educadores abordem o tema sem julgamentos, de forma que os adolescentes se sintam à vontade para discutir suas dificuldades e limitações.
5. Buscar Ajuda Especializada: Em casos onde o adolescente apresente sinais de dependência – como irritabilidade ao ficar longe da tecnologia, isolamento e queda no rendimento escolar – é importante considerar o acompanhamento com um especialista.
“A ajuda profissional pode orientar tanto o jovem quanto a família em estratégias específicas para lidar com a dependência”, observa a Dra. Nathalia.
Para a especialista, o papel dos pais e educadores é fundamental na orientação dos jovens para um uso saudável da tecnologia. A dependência tecnológica é um desafio crescente, mas, com limites claros e incentivo a uma vida equilibrada, é possível guiar os adolescentes para uma relação mais saudável com o mundo digital.