Mariana Kotscho
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UNESCO propõe proibição de smartphones nas escolas

Entenda de que forma smartphones prejudicam a experiência da criança em aula

Redação Publicado em 20/09/2023, às 06h00

O uso de celulares em sala de aula pode prejudicar a aprendizagem
O uso de celulares em sala de aula pode prejudicar a aprendizagem

Se o volume de estímulos tem colocado à prova a capacidade de concentração dos adultos, imagine o efeito desse turbilhão desafiando a mentalidade de crianças e adolescentes, cujo discernimento ainda está em construção. "Após uma distração, um estudante leva até 20 minutos para restaurar o foco e a atenção", responde Dra. Anna Bohn, pediatra pela SBP.

A médica faz menção ao recente lançamento da pesquisa de monitoramento da educação global encabeçada pela Unesco e que joga luz sobre o uso das tecnologias nos ambientes de aprendizado.

O relatório, segundo ela, cita diferentes estudos ao redor do mundo. "Um deles, realizado em 14 países, entre diferentes faixas etárias, concluiu que somente a presença do celular na sala, ou próximo, já causa distração", conta Dra. Anna. Ela explica que as inquietações aparecem com a simples percepção de uma notificação da rede social, do aplicativo ou do jogo instalado, assim como distrações a partir de uma mensagem na tela fechada. "Imagina eventos como esses acontecendo diversas vezes ao dia?", questiona a especialista a respeito do efeito desse comportamento no aprendizado.

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A médica conta que o relatório da Unesco aponta reflexões, estudos e orientações no que diz respeito às ferramentas digitais dentro da sala de aula. "Uma das mais duras recomendações é banir os celulares dentro do ambiente escolar", informa Dra. Anna, ao acrescentar que países como Bélgica, Holanda, França, Reino Unido, Finlândia e Dinamarca já estudam como realizar a medida. "Estudos em locais que já restringiram o uso perceberam uma melhora objetiva em scores de aprendizado e performance escolar", diz.

Proteção de dados

O relatório levanta também a bandeira da proteção de dados. "Apenas 16% dos países têm leis explícitas sobre privacidade de dados. Durante a pandemia, de 163 produtos educacionais recomendados, 89% faziam pesquisa com os dados dos usuários. O problema é que os dados pertencem a crianças.

A pediatra lembra que, principalmente após a entrada no contexto pandêmico, muitos governos passaram a usar a educação online de alguma forma, mas "39 dos 42 analisados durante a pandemia infringiram direitos infantis de alguma forma", revela, ao avaliar: "Crianças não têm maturidade emocional para controlar o uso e entender a complexidade destes dispositivos e das consequências do seu uso exagerado e deliberado".

Cyberbullying

Uma outra preocupação levantada pelo relatório é a questão do cyberbullying, que Dra. Anna avalia como um aspecto mais difícil de ser identificado pela própria condição virtual das relações. "Um trabalho inglês mostrou que 50% das crianças em escola entre 8 e 11 anos possuem um aparelho celular. Destas, mais de 10% sofrem cyberbullying", informa a pediatra. Ela revela ainda que a Espanha restringiu o uso de celulares na escola e que, depois disso, os registros de cyberbullying caíram de forma importante, enquanto as notas em matemática e ciências melhoraram.

Por fim, a médica considera que a tecnologia pode, sim, ser usada a favor da educação. "Com boas escolhas de aplicativos, em vez de vídeos sem objetivo e estímulo cognitivo, é possível incluir o aparelho, mas adicionando o contraponto às telas, estimulando as interações sociais, o sono adequado e as brincadeiras ao ar livre para o desenvolvimento infantil", finaliza.