Nem sempre sabemos como lidar com o desconforto das perdas, mas há alternativas para expressar carinho, acolhimento e validação da dor
Redação Publicado em 02/05/2025, às 06h00
A gente vive muitos lutos ao longo da vida. Alguns por morte, outros não. E as datas comemorativas costumam ser bem desafiadoras para quem convive com vazios significativos.
A temporada de Dia das Mães tende a aflorar muitos sentimentos para quem viu a mãe ou o(a) filho(a) partir. E também quem convive com um desaparecimento, distanciamento físico, brigas, infertilidade, perda gestacional ou neonatal, pelo adoecimento de uma mãe ou de um(a) filho(a), por criar os(as) filhos(as) sem a mãe, entre tantas outras dores.
Fora a própria perda, pessoas enlutadas muitas vezes também precisam conviver com o afastamento de amigos ou familiares que não sabem muito bem como lidar com aquela situação. Não é por mal mas, socialmente, não somos educados a esse acolhimento.
Não sabemos o que dizer, o que fazer e, frequentemente, caímos em clichês e frases prontas que mais costumam atrapalhar do que ajudar.
O Dia das Mães pode colocar um elefante enorme na sala de muita gente. Sem sabermos direito acolher quem está em sofrimento, acreditamos que tentar ignorar o que é impossível de ser ignorado é o melhor caminho. Mas, por vezes, isso faz com que a pessoa enlutada se sinta invisível e sem sua dor validada. Um presente especialmente pensado para aquele momento pode ser um gesto de respeito, carinho e reconhecimento das ausências.
A ideia é conectar duas pontas: quem precisa de acolhimento e quem quer oferecer acolhimento. Em situações delicadas, a gente nem sempre tem o que dizer, mas sempre temos como estar presentes. O Movimento inFINITO e a marca Kaê Chocolates acreditam que um mimo em forma de chocolate é um dos caminhos para proporcionar esse afago que, tantas vezes, falta.
Foi com isso em mente que os dois projetos se uniram neste Dia das Mães. O fruto dessa parceria é edição limitada de uma caixa exclusiva com cinco barras premiadas de chocolates para presentear quem convive com algum tipo de vazio, que fica especialmente agudo nessa data.
Há sete anos, o Movimento inFINITO se dedica a promover conversas sinceras sobre viver e morrer. Trata-se de um veículo de comunicação e articulação que abrange aspectos do arco da finitude: envelhecimento, adoecimento, saúde mental, suicídio, Cuidados Paliativos, morte e luto. O inFINITO é encabeçado por comunicadores que se debruçaram na temática após perdas pessoais. O movimento acredita na transformação social e, por isso, atua em múltiplas plataformas: conteúdo para Instagram, podcasts, videocasts, documentários, festivais, cineclubes e diversos outros eventos, além de articulação política e institucional.
A Kaê Chocolates já recebeu vários prêmios. À frente da marca está Jorge Klotz: pai solo de duas crianças, que viu a esposa morrer no segundo parto.
Essa união entre os dois projetos, portanto, é mais do que significativa: é a proposta de profissionais que encontraram propósito para os próprios vazios ao entrar em contato com o vazio dos outros. “Se tem um projeto que faz sentido pra mim, é esse”, explicita Jorge.
“A minha vida, hoje, é em torno do luto. A Kaê é sobre o luto. A Kaê me mantém vivo.” Diagnóstico: para quem perdeu alguém, as datas comemorativas tendem a lembrar ainda mais a ausência.
Um estudo conduzido pela pesquisadora e analista do discurso Ana Paula Barboza, fundadora da People Insight Pesquisa & Estudos da Linguagem, para o Movimento inFINITO, analisou 2.700 depoimentos dados em nossos conteúdos relacionados ao luto em datas comemorativas, que revelam o impacto dessas festividades em pessoas enlutadas.
Estar enlutado é experienciar um estado de sofrimento e tristeza de forma compulsória, indesejada e, por vezes, inesperada. Para aqueles que perderam entes queridos, as datas comemorativas nunca mais serão as mesmas. O convite para comemorar essas ocasiões traz consigo dor, angústia, receio das próprias reações e de eventuais julgamentos. Onde muitos veem alegria e confraternização, outros veem, majoritariamente, medo.
Porém, tão desafiador quanto lidar com as celebrações, é a pressão social para acelerar o luto e aproveitar as festas. Muitas pessoas com as quais convivemos carregam consigo feridas que nem imaginamos. E as datas comemorativas podem gerar sensação de incômodo e inadequação em que não se sente plenamente conectado com o humor que é proposto para a época. A perda pode ser recente ou antiga, mas a dor pode ser que continue lá. A falta de acolhimento e de espaço para expressar os próprios sentimentos é a principal queixa de pessoas enlutadas.
Os vazios de Dia das Mães podem afetar diferentes pessoas - algumas que às vezes nem entendemos como enlutadas. Por isso, acreditamos que esse abraço em forma de presente pode ser um gesto singelo para demonstrar respeito, carinho e validação ao luto de alguém querido - seja por uma perda recente ou muito antiga. Se a ausência é permanente, é possível que o luto, em alguma medida, seja também.
Existem muitos laços que podem ser estreitados com essa demonstração de afago. Esses são alguns deles:
Grande parte das dores relacionadas a uma data comemorativa surge por causa das campanhas publicitárias que atrelam seus produtos ao motivo da celebração. Então, uma pessoa enlutada se depara com os próprios vazios nas vitrines do varejo, nos e-mails das mais diversas marcas, nas propagandas de rádio, televisão e internet, algoritmos das redes sociais etc.
Felizmente, já há um movimento - ainda bem embrionário - de empresas que estão olhando para isso. É o caso da Azul Linhas Aéreas, por exemplo, que, na aproximação do Dia dos Pais 2024, mandou um e-mail aos clientes oferecendo a opção de que não recebessem nenhum comunicado relacionado à data.
Já O Boticário fez não apenas esse mesmo movimento de mailing, como tem dedicado algumas de suas expressivas campanhas a olhar para os desafios das datas comemorativas, como foi na mais recente temporada de Natal.
“Trabalhamos para que essa tendência cresça e acreditamos que tenha vindo para ficar”, explica Tom Almeida, fundador do Movimento inFINITO.
“O nosso desejo é que outras empresas incluam esse pensamento em suas estratégias de comunicação”, finaliza. Pensar produtos a partir dessa mesma premissa pode, também, fazer com que um olhar sensível para o luto seja uma oportunidade de promover acolhimento entre consumidores.
Uma caixa com cinco barras premiadas da Kaê Chocolates, envolta em embalagem da edição especial e limitada de Dia das Mães 2025, em collab com o Movimento inFINITO, além de uma mensagem de acolhimento.
Esta é a mensagem de acolhimento que acompanha a caixa de chocolates:
O período de Dia das Mães costuma ser muito desafiador para mães e também filhos(as) que convivem com alguma ausência. E nem sempre quem está à nossa volta reconhece esses vazios, que podem ser ainda mais amplificados em datas comemorativas.
Quem te enviou esse abraço carinhoso e inFINITO pensou em você, sente muito pela sua dor e quis adoçar os seus dias com amor e carinho. A gente espera que a cada mordida destes chocolates você se transporte para um lugar de conforto, para que possa acolher seus sentimentos e vulnerabilidades.
O luto é um processo humano, natural e saudável diante da quebra de um vínculo importante ou de uma expectativa valiosa. Não tem regras nem régua: sua dor é legítima e os seus tempos são os seus tempos.
Milhões de pessoas estão convivendo com sensações semelhantes às suas neste período. Você não é alguém inadequado e nem sozinho.
O peso do luto pode ser invisível. Mas quem te enviou este abraço carinhoso e inFINITO te vê. Sentimos muito pelos seus vazios e queremos continuar pertinho.
É empreendedor social, ativista e comunicador. Fundou o Movimento inFINITO em 2018 e é Presidente do Instituto Ana Michelle Soares. É também Diretor do Death Over6 Dinner Brazil e idealizador do Festival inFINITO, do Cineclube da Morte, d’ A Morte no Jantar, da Jornada Eduardo Alferes de Cuidados Paliativos e do podcast Conversas Sinceras.
Co-autor dos livros “Lutos por perdas não legitimadas na atualidade” e “Quando a morte chega em casa” (ambos pela Summus Editorial) e é formado pelo curso de aperfeiçoamento em Luto pelo Quatro Estações Instituto de Psicologia. Assina o roteiro do documentário “Uma boa notícia - o conforto sob a tempestade”. Atuou durante 15 anos no mundo corporativo na área de marketing, em agências de comunicação e publicidade, sendo seu último cargo como Diretor de Marketing na Unilever.
Após viver três importantes mortes ao longo de três anos seguidos, decidiu entrar de cabeça na causa. Desde então, dedica sua vida a contribuir ativamente na criação de um jeito diferente de viver a vida, a morte e o luto: mais confortável, consciente, íntimo e amoroso - com menos sofrimento e arrependimentos.
Jorge é empresário, viúvo e pai solo de duas crianças lindas: Otto, de cinco anos, e Lia, que em breve completará três anos. O aniversário de Lia é uma data agridoce: é também o dia em que a mãe dela morreu no parto. Gleicimara partiu no dia 10 de junho de 2022, aos 40 anos.
A vida de todos, como era de se esperar, virou de ponta-cabeça. Se antes a família morava na região de Ilhéus, na Bahia, justamente de onde vem o chocolate da Kaê, depois da morte da esposa, Jorge se viu obrigado a mudar para Varginha, em Minas Gerais, onde moram os sogros, com quem divide os cuidados com as crianças. Seguir em frente com a família e com a Kaê Chocolates é um dos muitos jeitos de honrar a história deles com Gleicimara e tê-la para sempre como referência de amor, carinho e acolhimento.
O Dia das Mães acaba tendo impacto diferente para cada um dos integrantes dessa família: os filhos de Gleicimara, os pais de Gleicimara e o viúvo de Gleicimara são afetados por essa ausência. E, assim como eles, outras tantas pessoas sentem o vazio de Dia das Mães Brasil afora.
Há sete anos, o Movimento inFINITO se dedica a promover conversas sinceras sobre viver e morrer. Trata-se de um veículo de comunicação e articulação que abrange aspectos do arco da finitude: envelhecimento, adoecimento, saúde mental, suicídio, Cuidados
Paliativos, morte e luto. O inFINITO é encabeçado por comunicadores que se debruçaram na temática após perdas pessoais. O movimento acredita na transformação social e, por isso, atua em múltiplas plataformas: conteúdo para Instagram, podcasts, videocasts, documentários, festivais, cineclubes e diversos outros eventos, além de articulação política e institucional.