Estudos indicam que mulheres são mais propensas a problemas oculares devido a fatores hormonais, genéticos e comportamentais
Gustavo Bonfadini* Publicado em 13/07/2025, às 06h00
Sim, diversos estudos mostram que as mulheres têm maior propensão a desenvolver problemas oculares ao longo da vida quando comparadas aos homens. Isso se deve a uma combinação de fatores hormonais, genéticos, comportamentais e até demográficos. Sim, é verdade: as mulheres têm mais propensão a desenvolver problemas oculares ao longo da vida do que os homens. Essa diferença não é meramente estatística, ela é explicada por uma combinação de fatores hormonais, genéticos, comportamentais e também pela maior longevidade feminina.
Do ponto de vista hormonal, as flutuações que ocorrem durante a puberdade, a gestação e a menopausa afetam diretamente a composição e a produção da lágrima dos olhos, alterando a lubrificação ocular e favorecendo o desenvolvimento da síndrome do olho seco, uma condição muito comum nas mulheres e também uma das queixas mais comuns nos consultórios oftalmológicos, caracterizada por ardência, sensação de areia nos olhos, vermelhidão, coceira e visão embaçada. O olho seco pode piorar quando a pessoa está em ambientes com ar condicionado, aquecimento e quando em uso de telas digitais como computador e celular.
Durante a menopausa, por exemplo, a queda nos níveis de estrogênio e andrógenos interfere na produção de componentes essenciais da lágrima. Isso não apenas reduz a lubrificação natural dos olhos, como também torna a superfície ocular mais vulnerável a inflamações e infecções.
Outro ponto relevante é a maior prevalência de doenças autoimunes em mulheres, como a síndrome de Sjögren, lúpus e artrite reumatoide, que frequentemente estão associadas a manifestações oculares. Essas condições podem comprometer diretamente a integridade da córnea, das glândulas lacrimais e de outras estruturas oculares, exigindo acompanhamento oftalmológico constante.
Fatores de estilo de vida também influenciam: as mulheres, em geral, estão mais expostas a variáveis como uso prolongado de maquiagem, cosméticos inadequados para a região dos olhos, alterações no padrão de sono, estresse e longos períodos em frente a telas, todos elementos que podem agravar sintomas de olho seco e outras disfunções da superfície ocular.
Além disso, a longevidade feminina desempenha um papel importante. Por viverem mais, as mulheres estão mais suscetíveis a doenças degenerativas da visão, como catarata, glaucoma e degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma das principais causas de perda visual irreversível após os 60 anos. Enquanto os homens são, em média, menos afetados pela DMRI, as mulheres representam a maioria dos casos diagnosticados em estágios avançados.
Após os 55 anos é muito comum a presença de catarata, uma condição responsável pela mudança do grau dos óculos e baixa visual. É importante destacar que, embora os avanços na oftalmologia tenham ampliado significativamente as opções de tratamento para essas doenças, a prevenção continua sendo o melhor caminho. Por isso, recomendo que as mulheres, especialmente após os 40 anos, realizem consultas oftalmológicas periódicas mesmo que não apresentem sintomas evidentes. O diagnóstico precoce faz toda a diferença no controle e na preservação da visão a longo prazo.
Em resumo, mulheres têm mais problemas de visão sim, mas com acompanhamento adequado, diagnóstico precoce e mudanças no estilo de vida, é possível manter a saúde ocular em dia e evitar complicações que afetam a qualidade de vida.
E por isso é fundamental que o acompanhamento oftalmológico regular seja valorizado, principalmente nas fases de maior alteração hormonal.