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Fisioterapia no autismo: motor, social e emocional em foco

A fisioterapia no autismo promove avanços motores, fortalece interações sociais e contribui para o bem-estar emocional das crianças e suas famílias

Redação Publicado em 03/10/2025, às 06h00

Criança faz fisioterapia
Programas de fisioterapia motora estruturada melhoram a coordenação e o equilíbrio no TEA - Foto: Canva Pro

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) afeta aproximadamente 1 a cada 100 crianças no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além dos desafios relacionados à comunicação e interação social, muitas crianças apresentam também dificuldades motoras, que podem comprometer atividades cotidianas, como correr, brincar ou se vestir sozinhas.

Nesse cenário, a fisioterapia tem se mostrado uma aliada fundamental para promover autonomia e qualidade de vida. Um estudo publicado na Journal of Autism and Developmental Disorders apontou que programas de fisioterapia motora estruturada resultaram em melhora significativa da coordenação e do equilíbrio em 70% das crianças avaliadas.

Já pesquisas brasileiras, como as conduzidas na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), destacam que a prática regular de exercícios guiados por fisioterapeutas contribui também para o aumento da participação social em atividades escolares e recreativas.

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De acordo com a fisioterapeuta pediátrica Dra. Ana Clara Carvalho, o acompanhamento precoce faz toda a diferença. “Muitas vezes, os desafios motores do autismo passam despercebidos, mas eles têm impacto direto no aprendizado e nas interações sociais. A fisioterapia ajuda a desenvolver habilidades motoras básicas, como coordenação, força e equilíbrio, que se refletem em mais independência no dia a dia”, explica.

Os ganhos vão além do corpo físico. Pesquisas da American Journal of Occupational Therapy mostram que, ao aprimorar habilidades motoras, a criança com TEA amplia também suas oportunidades de interação com colegas e familiares, já que consegue participar mais ativamente de jogos, esportes e brincadeiras coletivas.

Para a especialista, a abordagem deve ser sempre personalizada:

“Cada criança apresenta necessidades diferentes. Enquanto algumas precisam trabalhar coordenação fina para segurar objetos, outras se beneficiam de exercícios de resistência e equilíbrio. O segredo está em adaptar o programa terapêutico à realidade de cada paciente”.

Além dos exercícios tradicionais, Dra. Ana Clara ressalta que os recursos lúdicos como jogos, circuitos motores e atividades com bola, são frequentemente usados em sessões de fisioterapia, aumentando o engajamento da criança e tornando o processo terapêutico mais prazeroso.

Com evidências científicas cada vez mais robustas, a fisioterapia se consolida como um pilar no cuidado multidisciplinar de crianças com autismo, contribuindo não apenas para avanços motores, mas também para ganhos sociais e emocionais que impactam toda a família.

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