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Congelamento de óvulos: 7 aspectos para levar em consideração antes de optar pelo procedimento

Antes de seguir a tendência atual e buscar pelo congelamento dos óvulos, é preciso incluir em seu planejamento todos os fatores envolvidos no procedimento

Redação Publicado em 15/07/2023, às 10h00

Antes de sair correndo para a clínica, é importante levar alguns pontos em consideração
Antes de sair correndo para a clínica, é importante levar alguns pontos em consideração

O congelamento de óvulos tem se tornado um procedimento cada vez mais procurado, principalmente durante a pandemia. Celebridades nacionais e internacionais, como Claudia Raia, Rita Ora, Thelma Assis, Emma Roberts e Sarah Andrade, já congelaram seus óvulos. E muitas mulheres têm seguido o mesmo caminho pelos mais diversos motivos.

“Até pouco tempo atrás as mulheres buscavam o congelamento de óvulos, que consiste na criopreservação dessas células em nitrogênio líquido na temperatura de -196°C, principalmente por motivos médicos, como antes de tratamentos oncológicos, que podem causar danos aos ovários, ou em casos de doenças que podem provocar falência ovariana prematura. Mas esse já não é mais o caso. É cada vez mais comum que as mulheres cheguem ao consultório buscando pelo congelamento dos óvulos por motivos pessoais, seja devido à carreira, falta de condições no momento, por ainda não se sentirem prontas ou por não terem encontrado o parceiro certo”, diz o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.

E essa maior busca pelo congelamento de óvulos é encorajada pelos especialistas de reprodução humana para qualquer mulher que quer ter filhos, mas prefere deixar os planos para o futuro. “Isso porque há uma queda na fertilidade feminina após os 30 anos, que se acentua após os 35, pelo fato de a mulher já nascer com todo o estoque de óvulos que será utilizado durante a vida reprodutiva. Consequentemente, ao longo do tempo, há uma queda da quantidade e da qualidade dos óvulos, com mais erros genéticos, dificultando a gestação e aumentando o risco de abortos espontâneos. Por isso, o congelamento de óvulos é uma boa estratégia para quem deseja adiar a gravidez, mas não quer correr o risco de perder a fertilidade”, explica o médico.

No entanto, se esse é seu caso, antes de sair correndo para a clínica, é importante levar alguns pontos em consideração, que o especialista listou abaixo:

Congelamento de óvulos não é uma apólice de seguro

Ao contrário do que muitas mulheres pensam, o congelamento dos óvulos não é uma garantia definitiva de gestação no futuro. “Isso porque existe uma série de fatores que podem interferir na viabilidade do óvulo durante todo o processo. Por exemplo, alguns óvulos podem não sobreviver ao degelo, enquanto outros podem não ser fertilizados com sucesso. A idade do congelamento também é importante, visto que, apesar dos óvulos estarem congelados, a mulher continua a envelhecer e, consequentemente, terá que enfrentar as realidades da gravidez na idade que possui”, afirma o médico.

“Mas, felizmente, já evoluímos muito nesse sentido e, hoje, taxas de descongelamento de óvulos e de fertilização de 75% são esperadas em mulheres de até 38 anos de idade.”

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Não tem idade certa, mas existe a idade ideal

De acordo com o especialista, não existe uma idade que contraindique o congelamento de óvulos, mas o ideal é que seja realizado até os 35 anos, pois, quanto mais jovem a mulher no momento do congelamento, maiores serão as chances de o óvulo gerar um bebê. “Mas é possível congelar os óvulos até 41 ou 42 anos. Já após os 43 anos, a probabilidade de o óvulo gerar um bebê é muito reduzida, então talvez não valha muito a pena”, afirma.

“De qualquer forma, vale o ditado: ‘antes tarde do que mais tarde’. Por exemplo, para mulheres que já possuem 39 anos e não tem previsão de gravidez a curto prazo, o recomendado é congelar os óvulos o quanto antes. É melhor ter de 15 a 20% de chance de gerar um bebê do que deixar passar o tempo sem fazer nada e, quando houver possibilidade de gestação aos 43 ou 45 anos, acabar com chance de gravidez de 1%. Resumidamente, o ideal é congelar os óvulos até os 35 anos, mas recomenda-se que qualquer mulher que possua o desejo de engravidar a longo prazo congele os óvulos mesmo que tenha uma idade avançada, até os 43 anos. A partir dos 44 anos já não é mais recomendado.”

O processo não é tão simples quanto parece

Engana-se quem acredita que basta chegar na clínica para coletar os óvulos e congelá-los. Na verdade, todo o ciclo de congelamento de óvulos leva cerca de três semanas. “Além de uma bateria de exames para verificar a qualidade dos óvulos, a mulher, inicialmente, deve fazer uso de pílulas anticoncepcionais por uma a duas semanas para desativar temporariamente os hormônios naturais. Em seguida, realizamos injeções de hormônios por cerca de 10 dias para estimular os ovários e amadurecer vários óvulos. É só após amadurecerem adequadamente que os óvulos são coletados, o que é realizado sob efeito de sedação por meio de uma pequena agulha que é inserida na vagina e é guiada por um transdutor até os ovários para que os óvulos sejam aspirados e congelados imediatamente,” explica o Dr Rodrigo.

O custo é alto

O congelamento de óvulos não é um procedimento barato. Os valores podem variar de clínica para clínica, mas é preciso colocar no planejamento os custos de todo o processo, incluindo as medicações, o procedimento em si, o armazenamento dos óvulos e, claro, a fertilização in vitro para quando a mulher estiver finalmente pronta para engravidar.”

O procedimento pode ter efeitos colaterais

De modo geral, o congelamento de óvulos é um procedimento muito seguro. Mas cada corpo pode reagir de maneira diferente. Logo, certos efeitos colaterais são esperados. “Devido ao uso dos hormônios necessários para estimulação ovariana a mulher pode apresentar sintomas como dor de cabeça, instabilidade emocional, inchaço, náusea e dor muscular. Mas esses sintomas, que são muito similares com aqueles apresentados durante a TPM, passam com o fim da estimulação hormonal e podem ser aliviados com o devido acompanhamento médico”, diz o expert.

Todas as opções devem ser consideradas

Caso você já tenha um parceiro, pode ser interessante considerar o congelamento de embriões ao invés de óvulos. “Os embriões nada mais são que os óvulos já fertilizados com o sêmen do parceiro. A vantagem no congelamento dos embriões é que, por serem estruturas celulares mais complexas e bem desenvolvidas, têm maiores chances de sobreviverem ao descongelamento em comparação aos óvulos. Mas, no final das contas, essa é uma decisão muito individual, pois é preciso levar em consideração uma série de fatores, incluindo o que acontecerá com o embrião caso o relacionamento atual acabe”, diz o médico.

É preciso planejamento

No final das contas, um bom planejamento é o fator mais importante para que o procedimento ocorra com segurança e seja bem-sucedido. “Um bom planejamento deve incluir desde a escolha de um médico experiente e especializado em reprodução humana até a decisão de quantos filhos você quer ter ao longo da vida, o que vai influenciar diretamente na quantidade de óvulos que deverão ser coletados e quantos ciclos serão necessários para alcançar esse número. No geral, recomendamos que 10 ovos sejam armazenados para cada tentativa de gravidez, sendo que a maioria das mulheres com 38 anos de idade ou menos pode esperar colher de 10 a 20 óvulos por ciclo. Por isso, planeje-se de antemão e conte com a ajuda de seu médico para passar por todo esse processo com tranquilidade”, finaliza o Dr Rodrigo Rosa.