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Valorizando a interação humana na educação em tempos de hiperconectividade

A nova legislação sobre o uso de celulares nas escolas traz uma oportunidade para desenvolver a interação humana

Daneila Pannuti* Publicado em 25/04/2025, às 06h00

Ao limitar o tempo nos celulares, estudantes podem aprender como usar a internet de modo responsável - pexels
Ao limitar o tempo nos celulares, estudantes podem aprender como usar a internet de modo responsável - pexels

Em um mundo cada vez mais hiperconectado, onde a tecnologia permeia todos os aspectos da nossa vida, a educação enfrenta o desafio de encontrar um equilíbrio saudável entre o uso de dispositivos eletrônicos e a valorização da interação humana. Com a nova lei que proíbe o uso de celulares nas escolas, é fundamental que os educadores aproveitem essa oportunidade para desenvolver práticas pedagógicas que priorizem a interação, a discussão e o aprendizado colaborativo.

Em 2025, os professores terão a oportunidade de manter um diálogo aberto com os alunos sobre a importância do uso consciente da tecnologia. Por exemplo, em uma aula sobre ética digital, os professores podem promover discussões em grupo sobre os impactos das redes sociais na disseminação de notícias falsas. Os alunos podem compartilhar suas experiências e reflexões, permitindo que compreendam melhor a importância de limitar o uso do celular, e explorar outras fontes de informação mais segura — prática já presente em nossa escola desde nossa abertura em 2018. Quando os jovens percebem que essa restrição é uma forma de promover um uso mais responsável e consciente da tecnologia e não apenas uma imposição, como já temos feito na Avenues nos últimos anos, eles tendem a encarar isso de forma mais positiva, identificando as medidas restritivas como uma oportunidade de aprendizagem.

Neste cenário, é essencial que a educação priorize o contato humano, promovendo interações significativas que vão além da tela. Um exemplo prático é a implementação dos rodas de conversa verticais, atividade integrante do nosso programa de aprendizagem socioemocional, nos quais alunos de diferentes faixas etárias (dos 5 aos 10 anos) se reúnem em pequenos grupos multietários para discutir temas relevantes, como inclusão, diversidade e questões sociais. Durante essas sessões, cada aluno tem a oportunidade de expressar suas opiniões, ouvir os outros e desenvolver empatia. Essa prática não apenas fortalece habilidades de comunicação, mas também ajuda a construir um ambiente escolar mais acolhedor, ao permitir que as crianças mais velhas entendam o ponto de vista dos menores e a forma como compreendem informações de acordo com sua idade e experiências anteriores.

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Ao valorizar a conversa, a empatia e a colaboração, podemos preparar nossos alunos para se tornarem cidadãos mais conscientes e engajados, capazes de navegar com responsabilidade entre o mundo digital e o real. Por exemplo, um projeto de voluntariado pode ser implementado, onde os alunos se envolvem em ações comunitárias nas quais aplicam os conhecimentos aprendidos em sala de aula num contexto mais amplo essas experiências práticas ajudam os alunos a entender a importância do serviço à comunidade e a desenvolver uma consciência social. 

Em última análise, a educação deve ser um espaço de aprendizado integral, onde o humano sempre prevaleça sobre a tecnologia. Ao implementar práticas que valorizem o contato humano e a interação, as escolas prepararão seus alunos não apenas para os desafios acadêmicos, mas também para a vida em sociedade.

O equilíbrio entre tecnologia e humanização na educação é um passo vital para formar uma geração mais consciente, responsável e preparada para o futuro.

*Daniela Pannuti, Diretora do Ensino Fundamental (Primary Division) da Avenues e doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da USP.

*Com edição de Marina Yazbek Dias Peres