A volta às aulas é um momento desafiador para o superdotado, que enfrentam emoções intensas e inseguranças no ambiente escolar
Mariana Casagrande* Publicado em 18/02/2025, às 06h00
A volta às aulas sempre é um momento desafiador, de angústia, ansiedade e descobrimento do novo que os espera. Para as crianças com Superdotação que apresentam sempre as emoções mais intensas devido a sua condição cognitiva elevada, esse momento torna tudo muito maior! Ansiedade, angústia, medo e muita insegurança de não conseguir se sentir parte do ambiente.
Por conta disso, esse perfil de criança atípica precisa, sem dúvida, de um suporte maior por parte da família, escola e equipe de terapeutas, justamente para que esse momento não se torne um registro ruim de seu ano, e possam descobrir o prazer e a alegria da to retorno à rotina escolar.
Em casos de mudança de escola, por exemplo, essa angústia do desconhecido pode ser ainda mais densa, portanto, é sempre importante que as famílias se antecipem e solicitem uma visita guiada da criança à escola para que ele possa conhecer todos os espaços, os funcionários e, principalmente a rotina do local. Assim, com previsibilidade do que vai encontrar, ajudamos nossos filhos a não sofrerem e irem no temido início com mais segurança.
Escola capacitada é certeza de alívio para os Superdotados
Educar, conscientizar e letrar todos os profissionais da escola. Esse é o caminho mais assertivo de trazer segurança para a criança superdotada. Uma instituição que investe no entendimento do tema, nas nuances, na forma de receber, ouvir, acolher e agir faz toda a diferença na vida de um estudante atípico.
Infelizmente, ainda hoje me deparo com muitas escolas que desconhecem completamente a condição, as suas necessidades, o que é direito e dever. O que muda é que temos escolas com grande boa vontade de aprender, pesquisar, trocar. E escolas que infelizmente permanecem ‘às escuras’ sem vontade de se atualizar em um tema tão atual, necessário e urgente. Vejo que há um baixo interesse na capacitação de crianças com Altas Habilidades e Superdotação hoje no país.
As instituições de ensino ainda estão voltadas mais para outras condições neurodivergentes como TEA, TDAH, dislexia, deficiências, e esquecem que nesse contexto temos os alunos com uma condição cognitiva elevada que também necessitam e têm o direito à Educação Especial. Normalmente as escolas buscam ajuda especializada somente quando estão com algum aluno nessa condição vivenciando algum problema maior ou sendo cobradas.
Há esperança que, em um futuro próximo, a gente tenha algum tipo de mudança neste cenário, já que é claro o aumento do número de crianças identificadas no país.
Segundo dados da Mensa Brasil, associação que reúne indivíduos com alto quociente de inteligência (QI), há mais de 4 mil pessoas com superdotação. Destes, 32% são crianças e adolescentes.
Entenda seu filho superdotado para atendê-lo da melhor forma!
Crianças e jovens superdotados costumam apresentar, em sua maioria, grandes problemas no ambiente escolar, devido terem um jeito totalmente diferente de pensar, sentir, agir, pensar e aprender. Precisamos entender que não existe ‘certo’ ou ‘errado’, são somente jeitos diferentes de pensar; e quando isso não é compreendido, respeitado e trabalhado, infelizmente podemos caminhar para graves problemas emocionais. Então cuidem dessas mentes brilhantes, façam com eles possam expressar suas potencialidades, e principalmente que sejam felizes!
*Mariana Casagrande é neuropsicopedagoga, com mais de 20 anos de experiência na área educacional e clínica. Especialista em Distúrbios da Infância, Superdotação e Autismo.
*com edição de Marina Yazbek Dias Peres