Mariana Kotscho
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Geração Alpha não quer saber de bonecas: categoria do setor de brinquedos sofre queda de 12% no faturamento

A tendência contrapõe a valorização do segmento de beleza pelos jovens nascidos a partir de 2010. Crianças não querem mais saber de brinquedos?

Redação Publicado em 17/10/2024, às 06h00

Estariam os brinquedos com os dias contados?
Estariam os brinquedos com os dias contados?

De acordo com o levantamento feito pela Circana, empresa global de data tech para análise do comportamento de consumo, o setor de varejo de brinquedos sofreu uma queda global de 6% em faturamento, ao longo de 2023. A baixa foi mais acentuada em países como o Brasil, onde o faturamento do setor caiu 12%, o dobro da média global. Entre os fatores que motivaram o prejuízo, ganha destaque a performance da categoria de bonecas, que é líder do mercado brasileiro, mas apresentou uma redução de vendas de 12% no ano passado.

Ana Weber, Diretora de Contas de Varejo da Circana, aponta que a redução na compra de bonecas revela uma desaceleração no consumo de brinquedos pelas meninas da geração Alpha, formada pelos nascidos a partir de 2010.

“Nos Estados Unidos, comparando dados de 2019 e 2023, identificamos que as compras de brinquedos para meninas aumentaram apenas 1%, enquanto para os meninos esse aumento foi de 12%. Nesse cenário, a redução acentuada impactou principalmente as bonecas fashion e as mini-bonecas", explica a Diretora.

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Os resultados da categoria de brinquedos contrapõem os apresentados pelo setor de Beleza, junto à geração Alpha. Estudos de mercado conduzidos pela Circana demonstram um crescimento global de 14% em faturamento com produtos de beleza ao longo de 2023.

No Brasil, o aumento apresentado pelo nicho supera a marca de 10%. Já em países como os Estados Unidos, pesquisas da Circana revelam que os gastos em produtos de beleza de prestígio aumentaram 6% em famílias sem filhos, enquanto em famílias com filhos esse aumento foi de 16%, o que comprova o envolvimento de consumidores jovens com estes produtos.

“A mudança no comportamento das meninas, reflete uma tendência social e cultural mais ampla. Além do maior acesso a conteúdos de beleza na internet, essa transformação também pode ser vista como um reflexo da busca pela autoexpressão e pela identidade pessoal desde cedo. No entanto, é importante notar que essa mudança também levanta questões sobre a influência da indústria da beleza na percepção da imagem corporal das meninas, bem como sobre a necessidade de promover uma diversidade de interesses e brincadeiras saudáveis durante a infância. Este é um período importante de construção da autoestima, e deve-se ter cuidado para não criar expectativas irreais, reconhecendo sempre a beleza na diversidade”, ressalta Ana Weber.

Como forma de superar a tendência de queda, o mercado de brinquedos tem investido na diversificação de portfólio, seguindo a lógica de “viralização” das redes sociais. Entre as apostas do segmento estão: produtos de beleza e acessórios lúdicos; kits de missangas para fazer pulseiras e colares, que apresentaram um crescimento de 10% em vendas, em 2023 no Brasil, e bonecas de personagens famosos em produções das plataformas de streaming.

“A Gen Alpha tem apresentado uma relação inédita com o mercado de consumo, caracterizada pelo início precoce no mundo digital e mais independência na tomada de decisões. É essencial que o varejo fique atento aos movimentos dessa geração porque eles devem ditar cada vez mais novas tendências no Brasil e no mundo”, enfatiza Ana Weber.