Mariana Kotscho
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Férias escolares e a importância do brincar

A deputada estadual Marina Helou reforça a importância de incentivar as crianças a brincarem durante o período de férias

*Marina Helou Publicado em 21/07/2023, às 16h00

Nesse sentido, o brincar é uma importante forma de experimentar o mundo
Nesse sentido, o brincar é uma importante forma de experimentar o mundo

O recesso escolar coloca em evidência a importância do brincar livre, como um meio que incentiva o desenvolvimento das crianças, permitindo que vivenciem sua criatividade e imaginação.

É por meio do brincar, facilitador do aprimoramento motor, cognitivo e afetivo, que ela aprende, experimenta o mundo, testa possibilidades, relações sociais, elabora sua autonomia de ação e organiza suas emoções. No brincar, a criança se relaciona com o outro e consigo mesma, conhecendo os limites do próprio corpo, assim como aprende a respeitar os limites dela e de seus pares. A brincadeira ainda propicia o desenvolvimento da memória, atenção e permite o reconhecimento espaço-temporal.

Paulo Freire, patrono da educação brasileira, diz que “Primeiro a criança lê o mundo para depois ler as letras.”. Nesse sentido, o brincar é uma importante forma de experimentar o mundo: tanto se considerarmos sua atividade exploratória como a possibilidade de desempenhar papéis, funções e lidar com os sentimentos, estimulando a autonomia. A criança aprende a lidar com a frustração, abrindo espaço para o desenvolvimento da resiliência e ampliando o repertório comportamental ao buscar a resolução de problemas.

Se por um lado brincar é um direito da criança, a oferta das oportunidades para brincar se torna um dever dos adultos, na medida em que as crianças dependem deles para ter esse direito assegurado. Em seu artigo 227, a Constituição Federal estabelece o princípio da garantia da prioridade absoluta impondo a prevalência da proteção aos interesses e direitos relativos à infância (e adolescência) frente a quaisquer outros a ela contrapostos, cabendo à família, ao Estado e à sociedade o dever de implementar ações prioritariamente voltadas à sua tutela. É por isso que precisamos refletir sobre o papel do poder público no incentivo ao brincar e no acolhimento aos cuidadores de crianças, considerando também os espaços públicos propícios ao brincar e ao contato com o meio ambiente.

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A Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) asseguram ainda o direito ao brincar e à recreação. No ECA, eles são um dos aspectos do direito à liberdade e correspondem à faculdade de viver e experimentar a fase lúdica da infância através do lazer, das brincadeiras e dos esportes, imprescindíveis ao desenvolvimento saudável da criança. Portanto, o Estado, assim como os demais atores políticos, deve se sensibilizar sobre a relevância do brincar no desenvolvimento infantil.

Para além do brincar, o investimento na primeira infância produz, inclusive, reflexos por toda a vida de um indivíduo, sua família e a comunidade ao redor. Estudos do americano James Heckman, ganhador do Nobel de Economia indicam que investimentos na primeira infância, em especial no cuidado de crianças em situação de vulnerabilidade social, apresentam relativo baixo custo. Já o retorno sobre o investimento varia de 7% a 10% ao ano, com base no aumento da escolaridade e do desempenho profissional, além da redução dos custos com reforço escolar, saúde e gastos do sistema de justiça penal.

Para fortalecer esse pilar, tenho trabalhado a Primeira Infância em alguns eixos e, no âmbito da saúde e do bem-estar, devem estar incluídas ações sobre a conscientização da importância do brincar livre no desenvolvimento infantil. Tratando a Primeira Infância como prioridade, nosso mandato obteve conquistas significativas, entre elas a Política Estadual pela Primeira Infância, a Lei Criança Primeiro e a Semana Estadual do Brincar.

Enquanto reafirmamos o compromisso de olhar para esta fase com todo o cuidado e atenção, que as crianças sigam brincando!

*Marina Helou é deputada estadual pela REDE e mãe da Lara e do Martin.